quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

JERÔNIMO SAVONAROLA, O PADRE QUE MORREU QUEIMADO









Jefferson Magno Costa
POR TER DESOBEDECIDO AO PAPA E SE TORNADO UM PROTESTANTE
     Florença (cidade da Itália), novembro de 1491. O grande sino da Catedral de Duomo acaba de bater meia-noite. Após distender pela décima segunda vez a corda para produzir a última badalada, do alto da torre um homem põe-se a observar as sombras que chegam de várias direções e se reúnem no centro da praça ou sobre os degraus da catedral.
     São pessoas que vêm dormir ali para, no dia seguinte, garantirem um lugar no interior da grande Duomo. Celebrar-se-á casamento de nobres? Algum rei será coroado? O Papa visitará a Duomo? Não. Jerônimo Savonarola vai pregar.
     O homem que observa do alto da torre sabe que o quadro social e espiritual da Florença do tempo de Savonarola é quase o mesmo em toda a Itália: a corrupção, o luxo e a ostentação dos ricos em contraste com a miséria dos pobres, a sodomia entre os homens, as violações dos direitos humanos, os adultérios, a idolatria, as blasfêmias e a decadência da dominante Igreja Romana, cheia de vícios e pecados.
     Por este motivo, já há algum tempo Savonarola tornou-se no púlpito uma tocha ardente e cheia de indignação, um João Batista precursor de uma reforma religiosa que se avizinha. Alicerçado no Evangelho, prega com tanto fervor e tão cheio do Espírito, que suas palavras são como espadas nuas, destramente manejadas contra o pecado, setas de fogo lançadas ao centro dos corações corrompidos.
     E toda a Florença acorre para escutar, deslumbrada e temerosa, os sermões de Jerônimo, que em seus juízos corajosos e ferinos não livra nem mesmo os nomes do regente da cidade e do Papa, principais responsáveis pela devassidão do povo e da Igreja Romana.
 

UM JOVEM APAIXONADO POR ASSUNTOS CELESTIAIS
     Jerônimo Savonarola nasceu na cidade italiana de Ferrara, no ano de 1452. Seus pais queriam que ele ocupasse o lugar de seu avô paterno, que era médico na corte do Duque de Ferrara. Porém, o estudo das obras de alguns teólogos e sobretudo a contínua leitura das Escrituras desviaram-no da Medicina e inclinaram o seu coração para os caminhos de Deus.
     Quando tinha 22 anos de idade, o desprezo dos Strozzi - uma orgulhosa família italiana que não o achou digno de desposar uma de suas filhas -, e a decadência espiritual da cidade de Ferrara levaram-no a fugir para Bolonha, a pé. Nessa época seu entendimento já fora dilatado pelas verdades divinas, e ele aprendera a orar.
     Essa conversação espiritual com Deus abrandou a amargura e a desilusão de sua alma. E o Senhor suavemente se foi apossando do seu coração.
     Em Bolonha erguiam-se os altos muros do Convento de São Domingos. Ali Savonarola se apresentou, impelido pelo desejo de abraçar a vida monástica. Porém não se achava digno de ser monge, e por isso pediu que o aceitassem como um dos encarregados da limpeza do convento. Mas logo suas grandes virtudes pessoais o distinguiram.
     Como uma fonte que mansamente nasce, o desejo de continuamente estar na presença de Deus brotara no seu coração, e agora era como um grandioso e indomável rio, que livremente corre para o mar.


Jefferson Magno Costa

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