terça-feira, 30 de novembro de 2010

"DISSE O NÉSCIO NO SEU CORAÇÃO: NÃO HÁ DEUS"

Jefferson Magno Costa
     O ateísmo está hoje cada vez mais presente no mundo. Nenhum evangélico deve ficar indiferente diante deste fato. Existe um movimento de negação formal da existência de Deus, e é grande o número de pessoas que se tem deixado influenciar pela atitude dos que afirmam não acreditar na existência de um Deus Criador do Universo, cujo Filho deu sua vida para salvar a humanidade.
     Porém, o ateísmo, seja qual for a forma como ele se apresenta, é uma violência que o homem pratica contra sua própria consciência, é uma tentativa de anulação e desconhecimento de todas as provas da existência de Deus produzidas ao longo de toda a história humana.
     Além do mais, sabe-se que até hoje nenhum ateu fez uma demonstração racional que justificasse a "lógica" do seu ateísmo. "O primeiro ateu deve ter sido um delinquente que procurava, negando a Deus, livrar-se da única testemunha da qual ele não podia ocultar seu crime", comentou certa vez, com muita propriedade, o escritor italiano Giovani Papini.
     O ateísmo tem-se constituído também em um princípio de dúvidas para as pessoas que só acreditam que Deus existe baseadas nas clássicas demonstrações de sua existência, mas ainda não foram introduzidas, pelo Sumo Sacerdote e Salvador da humanidade, Jesus Cristo, no "Santo dos Santos, onde Deus habita". Vejamos como e através de quem o movimento ateísta popularizou-se no mundo moderno.

O DEUS QUE OS ATEUS NEGAM NÃO É O DEUS DOS CRISTÃOS
     Se examinarmos o pensamento dos grandes homens da Antiguidade, descobriremos algumas posições isoladas de filósofos que afirmavam não acreditar na existência de Deus. Porém, devemos atentar para um aspecto importante do ateísmo.
     Quando o ateu diz: "Deus não existe", a que Deus ele estará negando? Ao verdadeiro Deus? Ele nega a existência de Deus, seja qual for o modo como imagina-se que Deus seja, ou nega a existência de um deus imaginado de uma certa maneira?
     O escritor francês Jean Claude Barreau conta uma experiência vivida por ele no período em que negar a existência de Deus era moda na França, em decorrência da propagação da filosofia existencialista:
     "Naquela época estavam representando no teatro a peça 'O Diabo e o Bom Deus', de Jean Paul Sartre, peça que causava horror aos meus companheiros de fé. Fui assisti-la e ela não me atingiu. Era Baal, era Moloque que Sartre denunciava. Não era meu Deus. Eu abominava o deus de Goetz (um dos personagens da peça) tanto quanto Sartre. Aquele Deus escarnecido ali não era o verdadeiro Deus, o Deus dos cristãos, Jesus Cristo." (Jean Claude Barreau, in Quem é Deus. Tradução de Almir Ribeiro Guimarães, Petrópolis, Vozes, 1971, p. 59.)
     E é Jean Claude que nos fornece a declaração ideal para ser usada como resposta a esses ateus equivocados:
     "Isto que você recusa eu também não aceito, porque nada tem a ver com o Deus dos Evangelhos. Um dia o semblante do Deus dos Evangelhos me alcançou e me fascinou. Eu cri nele. E este semblante que vi é bem distinto das idéias de Deus que você e muitas outras pessoas têm em mente. Este conhecimento que eu tenho de Deus, meu Salvador, vai muito além das obscuras definições dogmáticas, e das idéias deturpadas dos ateístas."

GRANDES FILÓSOFOS RECONHECERAM A EXISTÊNCIA DE DEUS
     Alguns homens da Antiguidade, ao se posicionarem como ateus, nem sempre estavam negando a existência do verdadeiro Deus, e sim dos "deuses", por não concordarem com o politeísmo existente em seus países. Foi o caso dos filósofos gregos Anaxágoras e Sócrates.
     Este último foi, inclusive, julgado e condenado à morte sob a acusação de estar corrompendo a juventude com ideias ímpias. Sócrates estava levando os jovens a não acreditarem na existência dos deuses em que o povo grego acreditava, os mesmos deuses aos quais o apóstolo Paulo se referiu no seu discurso no Areópago (Atos 17.22-25).
Já naquela época, o célebre filósofo grego Platão (427-348 a.C.), discípulo de Sócrates, havia criticado a posição ateística dirigindo energicamente suas sábias palavras a um ateu:
     "Nem tu, nem teus companheiros sois os primeiros nem os únicos que tendes semelhante opinião da Divindade, mas em todos os tempos, ou mais, ou menos, sempre houve quem estivesse afetado dessa enfermidade. Travei conhecimento com muitos deles, e por isso vos digo que nenhum dos que na sua mocidade negou a existência de Deus manteve semelhante opinião até a velhice.
     "Aconselho-te, pois, agora, a não ousares cometer algum ato impiedoso contra a Divindade. Antes de proferires uma palavra contra Deus, medita três e dez vezes; porque chegará o dia (e chegará breve) em que o escárnio expirará em teus lábios trêmulos; virá o dia em que precisarás de Deus e da sua eterna verdade para a tua alma aflita, vazia e trespassada pela dor." (Citado por J. Pantaleão dos Santos em Deus: As Mais Belas Afirmações em Prosa e Verso. Petrópolis, Vozes, 1963, p. 127.)
     Porém, o filósofo grego Epicuro e o poeta latino Lucrécio (c. 99-55 a.C.) continuaram o trabalho de propagação das idéias ateístas: afirmaram que tudo o que existe se origina da matéria existente no Universo. Para eles o Universo sempre existiu; em momento algum foi criado.
     No seu famoso poema materialista De Rerum Natura (Da Natureza), o poeta romano Lucrécio diz que nem Deus nem os deuses existem. O mundo surgiu da união dos átomos. Mas se alguém lhe perguntasse quem ou o que teria levado esses átomos a se unirem para formar o mundo, Lucrécio responderia: "Foi o acaso". (Tito Lucrécio Caro. Da Natureza. Tradução e notas de Agostinho da Silva. São Paulo, Abril Cultural, 1980, Livro II, parágrafos 645-650, e 1090-1095.)
     O interessante é que o próprio escritor comunista francês Anatole France, após concluir ser absurdo tentar explicar a existência do mundo como produto do acaso, comentou certa vez: "Acaso é, talvez, o pseudônimo de Deus quando não desejava assinar o próprio nome".

OS JOVENS SOB O PERIGO DO ATEÍSMO
     As ideias dos filósofos ateus da Antiguidade influenciaram a maioria dos pensadores franceses do século XVIII, e na segunda metade do século XIX uma perigosa onda de materialismo avançou pelas praias da filosofia e da ciência, e afogou muitos no mar do ateísmo, alcançando seus efeitos mais destrutivos no meio da mocidade estudiosa.
     Dois escritores alemães, Buchner e Ernesto Haeckel, foram especialmente usados pelas forças invisíveis das trevas que atuam no mundo, para semear a dúvida no coração dos estudantes europeus, e levá-los a desacreditar na Bíblia. Buchner escreveu o livro Força e Matéria, publicado em 1855.
     Traduzido em dezenas de idiomas, essa obra chegou a ser lida por quase todos os jovens estudantes americanos e europeus daquela época. (Ludwig Büchner. Force et Matiére. Etudes populaires d'histoire et de Philosophie naturelles... 5ê edition, Paris, C. Reinwlad, 1876).
     Os Enigmas do Universo foi o título que Ernesto Haeckel deu ao seu livro, lançado na Alemanha em 1863. Só em alemão essa obra alcançou mais de 200 edições, sendo traduzida em todos os idiomas cultos da época. (Ernest Henrich Haeckel. Les Enigmes de Universe. Trad. do alemão por Camille Bos. Paris. Schleicher fréres, 1902).
     Esses dois livros foram a grande preparação para o ateísmo que surgiria como base do regime político adotado na Rússia no início do século seguinte. Procurando dar para todos os fenômenos da Natureza uma explicação materialista, apresentando soluções enganosas em nome da ciência (da falsa ciência), Haeckel conquistou a simpatia ingênua da mocidade, proporcionando-lhe a ilusória satisfação de estar explicando os segredos do universo sem necessitar de, em nenhum momento, recorrer a Deus.
     Porém, décadas depois, as afirmações desse escritor foram desmentidas pela própria ciência, e Haeckel ficou conhecido nos meios científicos como um falsário. Ele ele foi muito lido e admirado também pelos estudantes do Brasil.

A POPULARIZAÇÃO DAS DOUTRINAS ATEÍSTAS
    Recapitulemos: para os materialistas, tudo é matéria (não existe um mundo espiritual, não existe Deus), e tudo volta para a matéria eterna. Viemos do nada e entraremos no nada pela morte. Não há outra vida além desta, dizem eles.
     Soberbos, e achando que os conhecimentos científicos que possuem os tornam donos da verdade, os materialistas afirmam que os "homens cultos" já não acreditam hoje "nessas tolices de Céu e de Inferno". A única coisa em que creem é na religião da ciência. Para eles o mundo surgiu sem a participação de Deus, desenvolveu-se sem Deus e há de chegar à sua perfeição sem Deus.
     Antigamente, os intelectuais que negavam a existência de Deus eram olhados como alguém à parte da sociedade. O ateísmo era visto como uma atitude hiperintelectual, aristocrática, e por isso desprezada pelo povo. Porém, nos séculos XX e XXI essa situação mudou. Foi a grande estratégia de Satanás.
     O ateísmo deixou de ser aristocrático para se tornar popular. Saiu do domínio intelectual e passou a influenciar a existência de milhões de pessoas. Diante de problemas como a fome, a guerra e as injustiças sociais, muita gente tem rejeitado Deus como alguém necessário para a solução desses problemas, e até mesmo se negado a crer que ele exista.

O ATEÍSMO NA UNIÃO SOVIÉTICA
     Apoderando-se, em outubro de 1917, do governo da antiga Rússia dos tzares, o Partido Comunista liderado por Vladimir Ilitch Ulianov (1870-1924), conhecido como Lênin, colocou em prática as ideias dos filósofos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), e passou a controlar o regime e a situação no país pelo uso da violência, caracterizando-se também pela intolerância religiosa.
     Conta-se que o pai de Lênin, Ilia Nikolaievitsch Oulianof, acreditava na existência de Deus e se comprazia em recitar as seguintes palavras do escritor Nekrassof: "Apareceu-me sobre a colina a casa de Deus, e senti, de repente, uma pureza de fé destilar-se sobre minha alma como um perfume."
Mas Lênin confessava-se ateu desde a sua juventude. O escritor Dostoievski reconhecera tempos atrás o quanto era fácil os seus compatriotas russos tornarem-se ateus:
     "É mais fácil que a qualquer outro habitante do globo. E os nossos irmãos não se tornam apenas ateus: creem no ateísmo como se fosse uma nova religião, sem notarem que é crer no nada."
     Vários anos antes da implantação do regime socialista na Rússia, Ivan Fedorovitch (um dos personagens do romance Os Irmãos Karamazov, escrito por Dostoievski), criado por Dostoievski para caracterizar o comportamento e o pensamneto de seus compatriotas ateus, comentara:
     "Segundo o meu parecer, não se deve destruir nada, senão a ideia de Deus no espírito do homem: é por aí que se tem de começar. Logo que toda a humanidade tiver chegado a negar a Deus (e creio que a época do ateísmo universal chegará, como uma época geológica), desaparecerão os antigos sistemas e sobretudo a antiga moral. Os homens reunir-se-ão para pedir à vida tudo o que ela pode dar, mas somente e absolutamente a esta vida presente e terrestre. O espírito humano crescerá, elevar-se-á a um orgulho satânico, e serão os tempos do deus-humanidade." . (Fiódor Dostoievski. Os Irmãos Karamazov. Tradução de Natália Nunes e Oscar Mendes. São Paulo, Abril Cultural, 1970, Livro V, capítulo 5.)

ATEUS RECONHECEM A EXISTÊNCIA DE DEUS
     Porém, apesar de todas as posições radicais, conta-se que durante a revolução russa, quando a cidade de Petersburgo foi rodeada pelo general Kornilov e suas tropas anti-comunistas, Lenin repetiu várias vezes, durante um discurso, a expressão: "Dai Boje", que significa: "Permita Deus escaparmos."
     Vários outros episódios envolvendo autoridades comunistas da Rússia revelam que o povo russo é tão desejoso de Deus quanto qualquer outro povo sobre a face da Terra. Antes da invasão russa do Norte da África, o próprio Stalin disse várias vezes: "Que Deus nos dê êxito na operação Torch." Costumava dizer também que "o futuro pertence a Deus".
     Naquela época, o Ministro do Interior dos Negócios Soviéticos, Iagoda, ao saber que fora condenado à morte por Stalin, disse:
     "Deve existir um Deus, porque meus pecados me alcançaram." No seu leito de morte, o presidente da Liga dos Ateus na Rússia, Iaroslavski, pediu insistentemente a Stalin: "Queima todos os meus livros! Veja, ele está aqui! Ele esperou-me. Queima todos os meus livros!"
     Atacando inicialmente o catolicismo soviético, o Partido Comunista concentrou depois sua campanha ateísta contra toda e qualquer manifestação religiosa dentro do território russo. O objetivo principal era esmagar de uma vez por todas a idéia da existência de Deus, arrancar a fé em Deus do coração do povo como quem extirpa um tumor maligno, e bani-la para sempre da Rússia e dos demais países comunistas.
     As seguintes palavras, escritas em 1923 por um membro do partido dos ateus militantes, mostram bem a que grau havia chegado a perseguição religiosa naquele país:
     "Devemos agir de maneira que cada golpe vibrado contra o clero ataque a religião em geral... Ainda os mais cegos veem até que ponto se torna indispensável a luta decisiva contra o eclesiástico, quer se chame pastor, abade, rabino, patriarca, mulah ou papa; essa luta deve desenvolver-se também e inelutavelmente contra Deus, quer se chame Jeová, Jesus, Buda ou Alá." (Jacques Bivort de Ia Saudée. Ensaio de Suma Católica Contra os Sem-Deus. Tradução de P. Lacroix. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1939, p. 468.)

O EVANGELHO ULTRAPASSOU AS RASGADAS CORTINAS DE FERRO E DE BAMBU
     Tendo sido definida pelo filósofo Karl Marx como "o ópio do povo", a religião teve entre os comunistas os seus dias contados. O escritor evangélico russo Richard Wurmbrand, no seu livro A Resposta à Bíblia de Moscou, fez sobre isso o seguinte comentário:
     "Em setembro de 1932, uma revista de Moscou, Molodaia Guardiã (Vanguarda Jovem) anunciou que, de acordo com o plano ateístico de cinco anos, até 1937 toda manifestação religiosa deveria ser definitivamente destruída, e a Bíblia silenciada para sempre."
     É evidente que isto não aconteceu. O cristianismo está prosperando em praticamente todos os países do antigo regime comunista, mesmo sob interdição, ameaça de perseguição, e morte dos que professam a fé em Jesus Cristo.
     Para a alegria da comunidade evangélica mundial, o problema do ateísmo na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e nos países aliados ao regime sofreu impactantes mudanças após a queda do muro de Berlim, resultando na fragmentação da antiga União Soviética.
     Fortíssimos ventos anunciadores da verdade bíblica e proclamadores da existência de Deus têm penetrado pelos rasgões existentes nas chamadas (e extintas) Cortinas de Ferro e de Bambu. Agora, a existência de Deus passou a ser assunto do dia-a-dia em milhões de lares russos, chineses e de outras nacionalidades.
Jefferson Magno Costa

domingo, 28 de novembro de 2010

UM POUCO DE POESIA À SOMBRA DO GÓLGOTA

Jefferson Magno Costa



O nascimento, o ministério, os ensinamentos, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo constituem o alicerce do cristianismo. Cristo não foi um líder a mais a fundar uma religião, mas o único que, com o seu sangue derramado na cruz do Calvário, abriu para a humanidade o único caminho que conduz ao Céu.
     No decorrer de quase dois mil anos, o cristianismo tem inspirado inumeráveis obras literárias. Por não querer cometer o pecado da prolixidade, reuni aqui tão-somente quatro poemas sobre o significado da morte de Jesus.
     Dois deles foram escritos por poetas com quem eu tive o privilégio de conviver (Joanyr de Oliveira e Gióia Junior), servos de Deus que já partiram para encontrar-se com o Senhor Jesus, que lhes havia inspirado os mais belos poemas. Foram convocados para participar do encontro de poetas que já tem data marcada para acontecer no Céu, sob a liderança do sublime e inspiradíssimo salmista Davi, quando todos contemplaremos o mais belo Poema do Universo, Jesus Cristo. Esse encontro eu jamais quero perder. 
     Entre esses poemas, inclui um soneto que escrevi em 1986 (naquela época, com vinte e poucos anos, eu era ingênuo o suficiente para cometer este e outros atentados contra a poesia).


SENHOR, EU VEJO
Joanyr de Oliveira

Com alguns pregos
trêmulos e um madeiro
pesado de angústias
e remorsos futuros
feriram-te, Cristo.
Hoje, Senhor, eu vejo.

Todo o peso do inferno
e a humana culpa
sobre ti desabaram
na extrema hora
da amarga colheita.
(Mas de plena vitória
sobre os braços da morte.)
Hoje, Senhor, eu vejo.

E eu lá estava, Jesus,
nessa carga de fel
e de agudo silêncio.
Teus olhos em sangue
sobre mim pousaram.
As gotas da fronte
apagaram abismos
de minhas trevas.
Hoje, Senhor eu vejo.

Vera vida brotou
de tua morte, Cristo.
E as colunas da noite
mergulhadas em pânico
gotejaram seu medo.
Mesmo os céus rasgaram
as cortinas do azul.

Em teu corpo moído
as máguas e as dores
deste mundo insano,
deste mundo em pântanos,
deste mundo infame.
Hoje, Senhor, eu vejo.

RECONQUISTA UNIVERSAL NO GÓLGOTA
Jefferson Magno Costa
Prego e carne,
têmpora e espinho,
lábios, sede
e sangue

soerguidos em cruz:
por entre pedras,
trapos de véu,
tremores

e túmulos iluminados,
rasgam um caminho,
vertical e límpido.

Equilibram, pesam
e compram
horizontes reencontrados.

A GRANDEZA DO AMOR DIVINO
José de Abreu Albano
Amar é desejar o sofrimento,
E contentar-se só de ter sofrido,
Sem um suspiro vão, sem um gemido,
No mal mais doloroso e mais cruento.

É viver desta vida tão isento
E neste mundo enfim tão esquecido,
É por o seu cuidar num só sentido,
E todo o seu sentir num só tormento.

É viver qual humilde carpinteiro,
De rudes pescadores rodeado,
Caminhando ao suplício derradeiro.

É viver sem carinho nem agrado,
E ser enfim vendido por dinheiro,
E entre ladrões, morrer crucificado.

ENCONTRO
Gióia Júnior

No espaço
sem luz
um traço
seduz.

Reduz
cansaço,
conduz
meus passos.

E avisto
o espaço
em luz.

– É Cristo
nos braços
da cruz!

Jefferson Magno Costa

O CRISTO DE PEDRA RESPLANDECEU... E NÃO FOI DIANTE DO CLARÃO VERMELHO DOS CARROS INCENDIADOS

Jefferson Magno Costa

"E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden...” Gênesis 3.24.

     E o homem, expulso do Éden, da região do sossego, do frescor das fontes, da suavidade dos rios, das sombras aprazíveis, das árvores frutíferas, dos ventos leves e dos vales e campinas vestidos da glória do Senhor, desceu rios abaixo, pobre e seminu, levando ao seu lado a companheira de sua antiga bem-aventurança e agora do seu infortúnio; para construir, no alvorecer do seu conhecimento do bem e do mal; de barro, de solidão, de madeira, de desespero, de ferro, de concreto e de granito, as suas cidades.

     E a civilização surgiu, e o homem cresceu no seu mundo. Cresceu em conhecimentos, em riquezas materiais, em encurtamento de distâncias, em todos os ramos da ciência. Mas cresceu sobretudo em amontoar pecados diante do Senhor.

     Séculos sucederam a séculos. E entre montanhas ciclópicas e abruptamente erguidas a sudeste do Brasil, o homem construiu essa maravilha de cidade que é o Rio de Janeiro.

     A noite, disforme em seus mistérios, envolvia essa cidade, quando um anjo do Senhor – pisemos agora o terreno das suposições – após concluir uma de suas tarefas, e durante sua viagem de retorno às rotas celestiais, pousou no Corcovado, sobre a cabeça do Cristo de pedra, e pôs-se a contemplar a enorme metrópole.


     O que observaria um ser celeste, para além desses ares doentios, numa cidade como esta, tão adiantada em cultura, violência e pecados, tão multiformemente vestida de esplendores e misérias? – Um vasto templo quase totalmente às escuras, pontilhado de pequenas gotas de luz. Vivos habitando entre mortos. Edifícios revestidos de poluição e altura, inflexíveis, violentando as paisagens. Homens e mulheres em seus barracos e palácios, soberbos, céticos (Sofonias 1.12), irreverentes, a entesourarem imoralidades, violência e destruição (Amós 3.10).

     E, habitantes comuns, hóspedes recebidos em todas as classes sociais, cultuados em abominações solenes – espíritos maléficos, asas negras ferindo a noite e impregnando-a de pestilência e negridão – demônios, demônios, demônios! “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançada por terra, tu que debilitavas as nações!” (Isaías 14.12).


     Tu encontraste entre teus adoradores lugares aprazíveis à tua visitação, tu, que eras querubim protetor, e vivias entre as “pedras afogueadas” (Ezequiel 28.16), e agora reinas sobre os escombros das almas enganadas e corrompidas por ti.
     O anjo, de pé, imóvel, fixado no crânio da estátua, lançava sobre a cidade o seu olhar superior e contemplativo, atento aos mistérios da noite. O Cristo Redentor, braços abertos, rosto esculpido em pedra, talvez brilhasse desapercebidamente naquela madrugada, transfigurado pela presença do visitante dos céus.


     A estátua parecia, naquele seu gesto horizontal e largo, querer abraçar as avenidas, os edifícios, os lares, os corações; ou talvez umedecer as mãos na longínqua baía, a bela e poluída Baía de Guanabara; ou talvez ainda, num gesto de gigante, descer da montanha de pedra e banhar-se no mar, o colossal mar, sujo ao longo e ao largo. Mas ei-la na mesma altura, petreamente fixada, tendo em cima de si a presença divina e o céu, e ao redor, um turbilhão de vidas e de corações.

     E o anjo, solitário e triste na contemplação do mau, alongou seu olhar por entre fábricas, residências, assaltos, assassinatos, ônibus e  carros incendiados, menores abandonados dormindo sobre calçadas, aviões, trens, viadutos, traficantes em fuga, corações angustiados e aflitos, prostitutas, edifícios, favelas invadidas por forças policiais, helicópteros sobrevoando o céu cortado por balas traçantes, e divisou, unido e espalhado por toda a cidade, um povo separado dos demais, que busca ao Senhor em adoração e súplica, lançando para dentro da noite e ungindo-a, as notas harmoniosas de suas vidas consagradas.
     Rejubilou-se o ser celestial em face do bem, e estendo as mãos no ar gelado da noite, enviou aos corações daqueles que servem fielmente ao Senhor e aos que sofrem os rigores das trevas, bênçãos de esperança, consolação e paz.

     Já uma vez Cristo subiu ao Calvário e estendeu os braços sobre o mundo, abrindo assim o caminho para a redenção de todos os povos. Não aquele Cristo imóvel, aquele Cristo mudo, aquele Cristo frio, erguido nas alturas do Corcovado, a testemunhar indiferentemente a nudez, a violência, a morte e o colapso espiritual da cidade do Rio de Janeiro. Mas o Cristo do Calvário, o Cristo da cruz, o Cristo de carne, amor e sangue, o Cristo que recebeu sobre o seu corpo o peso esmagador de todos os nossos pecados e os crucificou em si.

     O Cristo sepultado em túmulo, ressurgido ao terceiro dia, vestes alvas, rosto resplandecente, que subiu ao Pai para ser nosso Advogado (1João 2.1), nosso Mediador (1Timóteo 2.5), aquele que é e sempre Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz (Isaías 9.6).

      O habitante do Céu, após contemplar a cidade – a paz que desce dos montes eternos, o ódio demoníaco e seu olhar injetado de sangue, os cânticos, o fogo e as colunas de incenso das adorações – pôs-se a contemplar o sol, que no seu difícil caminho preparava-se para pousar sobre o grande Rio, em raios abrandados pelo ar poluído, beijos alaranjados e cálidos.

     Subtraindo-se à luz da manhã, o anjo alçou as asas ao azul e adentrou o Firmamento.


 Jefferson Magno Costa

sábado, 27 de novembro de 2010

UMA CIDADE CHAMADA VIOLÊNCIA. RIO DE JANEIRO, O QUE ESTÃO FAZENDO COM VOCÊ?

Jefferson Magno Costa    

      Capital da violência, os teus pecados e o poderio do narcotráfico já não te deixam ser mais aquela Cidade Maravilhosa de tempos idos. Os teus encantos mil estão ameaçados por essa atual geração de filhos violentos e sanguinários, que enchem tuas ruas de pânico, insegurança e medo.
     Onde serenidade para contemplar tuas belezas naturais? Onde tranquilidade para caminhar por tuas avenidas, tuas praças, tuas praias?
     Cidade da insegurança e do temor, Deus tenha misericórdia de ti, e que a Sua salvação alcance esses filhos de Belial que ensanguentam tua paisagem, “porque os pés deles correm para o mal e se apressam para derramar sangue” (Provérbios 1.16).
     Cidade de madrugadas longas e cheias de pesadelo, de menores abandonados e drogados dormindo nas calçadas, de carros, ônibus e vans incendiados, tua imensa propensão ao crime faz com que todos os dias destruas muitos inocentes, com seus sonhos e ilusões.
    Capital da violência, o Complexo do Alemão, a Vila Cruzeiro, a Favela da Rocinha, o Morro do Dendê, a Favela do Jacarezinho e centenas de outras, com o poderio e o arsenal de violência e malignidades dos traficantes, e seus moradores ameaçados, coagidos, esmagados e mortos lembram as velhas cidades edificadas pelo sanguinário Ninrode e seus descendentes, nas planícies da Mesopotâmia. Entre elas se destacavam Babilônia e Nínive.
      Do sanguinário Ninrode, a Bíblia diz que foi “poderoso caçador diante do Senhor...” (Gênesis 10.9). Ele caçava leões na planície. Caçava também homens, pelo simples prazer de os matar.

     Tua geração de filhos sanguinários é descendente de Ninrode, ó cidade de noites traiçoeiras, que não oferecem segurança aos estudantes, aos casais de namorados, às mulheres que trabalham e voltam tarde da noite para casa, ao burocrata, ao executivo, ao profissional liberal, ao policial vítima de emboscada, ao trabalhador assaltado e assassinado nos ônibus, nas ruas, na porta de sua casa, pelos sanguinários assírios da modernidade, que o privam para sempre da vida e da companhia de sua família.
       Esses assassinos são teus filhos. São da linhagem do implacável e diabólico Ninrode. Assaltam residências, ônibus, bancos, escritórios, lojas, postos de gasolina, supermercados, motoristas em seus automóveis e pedestres nas ruas, e matam pelo cruel prazer de matar, sob as trevas ou à luz do dia.
      Nínive moderna, Deus tem enviado centenas de Jonas para anunciar aos teus filhos entorpecidos pelo pecado, a salvação oferecida por Jesus Cristo. Eles têm pregado contra os teus crimes, denunciado tuas abominações, trabalhado para libertar pelo poder do sangue de Jesus os que estão presos à maldição das drogas, da prostituição, do homossexualismo, e combatido a permissividade de uma sociedade que deixa suas crianças e jovens ser conduzidos ao precipício e à morte.
     Mantendo sob suas mãos sanguinárias as vítimas caídas nas arapucas de seus antros de obscenidades e iniciação em todos os vícios, esses novos guerreiros assírios, cujos antigos irmãos cortavam a língua e as orelhas de seus prisioneiros, lancetavam os olhos dos reis vencidos, empalavam príncipes e violavam mulheres, também não se compadecem da súplica dos inocentes.
 Babilônia de astrólogos, curandeiros e videntes. Por não quereres ouvir a voz de Deus, por não inclinares teu coração aos assuntos do Céu, a ira do Senhor desabará sobre ti, se não te arrependeres, se não deres ouvido às palavras dos pregadores evangélicos que em tuas praças e ruas, na televisão, no interior dos templos e nos estádios, convocam-te ao arrependimento, advertindo-te conforme fez o profeta Isaías:

     “Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias em que trabalhaste desde a tua mocidade, a ver se podes tirar proveito, ou se porventura te podes fortificar. Cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se pois agora os agoureiros do céu, os que contemplam os astros, os prognosticadores das luas novas, e salvem-te do que há de vir sobre ti” (Isaías 47.12,13).
     Tuas praias são escolas de iniciações pecaminosas, degraus de uma escadaria que desce para um abismo mais profundo que o mar.
     As ondas que banham e poluem tua orla marítima em nada se assemelham às ondas que beijaram as longínquas areias do mar da Galiléia, por onde Jesus andou entre pecadores e apóstolos, e proferiu palavras de vida eterna.
     Ai de ti, Rio de Janeiro! Tu desconheces o gesto e as palavras de perdão de Jesus diante da pecadora e de seus acusadores. Das areias de tuas praias estão ausentes as pegadas do mais belo dos Rabis. Ai de ti, que não queres ouvir os profetas de Deus, por teres preconceito contra a simplicidade de muitos deles.
     Cidade de alucinados, de desesperados, de homens que não conhecem Jesus Cristo, o Príncipe da Paz. Quem dera que teus filhos ouvissem a Sua voz:
     “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11.28-30).
     Mas eles orgulhosamente ignoram e desprezam o Filho de Deus, o Salvador da humanidade, e se enforcam, tomam veneno, sobem ao alto de edifícios e pulam de lá; atiram-se diante dos trens, encostam revólveres na própria cabeça e apertam o gatilho.
     Capital da violência, Sodoma e Gomorra instalaram bases em tuas esquinas, criaram sucursais de atentados, assassinatos, prostituição e homossexualismo em tua periferia, em teus bairros nobres, em tuas praças principais. Os sodomitas misturam-se com os guerreiros de Ninrode, e ignoram o que o apóstolo Paulo escreveu na 1ª. Carta aos Coríntios 6.10:
     “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus”.
      Não. O teu Cristo de pedra não poderá te salvar. Nem o Cristo dos Rosários, ou os que jazem silenciosos nos gongás da umbanda e do candomblé. Pois eles “têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; nariz têm, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai de sua garganta. Tornam-se semelhantes a eles os que o fazem, e todos os que neles confiam” (Salmo 115.5-8).
     Cidade de maravilhas e perdições, que os teus filhos se arrependam e sejam alcançados por esta promessa de bênção perpétua lançada sobre a vida do povo de Deus, em sua Palavra: “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e ti dê a paz” (Números 6.24-26).
     E tu, Igreja, que serves ao Senhor nesta cidade; tu não deves ficar neutra, passiva, calada diante de tanta violência e abominações. Ergue a tua voz em meio às maravilhas ilusórias dessa sofrida cidade, e denuncia as obras praticadas por muitos dos seus filhos e condenadas por Deus. Ensina aos guerreiros de Ninrode e a essa população amedrontada e aflita, que a solução e a salvação só podem vir de Jesus.
Jefferson Magno Costa

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A EXISTÊNCIA DE DEUS TESTEMUNHADA PELA CRIAÇÃO

Jefferson Magno Costa

     O espetáculo do Universo sempre tem impressionado profundamente o ser humano, na variedade de suas belezas e harmonia de sua complexidade, na grandeza de suas distâncias e indecifrabilidade dos seus mistérios.
     Após contemplar, maravilhado, a grandiosidade da Criação, o salmista Davi exclamou: "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras até aos confins do mundo" (Salmo 19.1-4. ARA).
     Toda a natureza não é mais que o desdobramento da glória de Deus, pois foi criada para ser seu reflexo, um testemunho do poder de suas mãos — é o que está maravilhosamente declarado nos 30 primeiros versículos do Salmo 104.
     Todos os caminhos que o espírito pensante segue, a partir de qualquer ponto no extenso círculo do conhecimento humano, o conduzem para o centro de todas as coisas, para Deus.
     Tudo — o Céu, a Terra, o dia, a noite, os astros, os átomos, o oceano e a gota de orvalho sobre a relva — tudo anuncia Deus.
     As pegadas do Criador impressas na Criação são por demais luminosas para que não sejam vistas. O escritor francês Montelet Claudius dizia que não era filósofo, mas nunca atravessava um bosque sem pensar naquele que fizera crescer aquelas imensas árvores; vinha-lhe sempre de longe o pressentimento da existência de um Ser supremo e desconhecido.
     Sim, pois Deus nunca deixou de dar testemunho de Sua existência: toda a Criação é um livro aberto que em linguagem silenciosa, mas bastante clara, torna visível a nós o Invisível. Este foi um dos argumentos usados por Paulo e Barnabé na cidade de Listra, quando, para provar à população politeísta e idólatra que eles não eram deuses, falaram sobre o verdadeiro Deus:
     "... o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; o qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos. Contudo, não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas do céu, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e alegria os vossos corações" (Atos 14.15-17).
     Milhões e milhões de globos celestes a rolar pelos espaços do Universo, descrevendo com incrível rapidez suas gigantescas trajetórias, sem nunca se desviarem dos eternos e invisíveis eixos onde foram colocados, proclamam a glória de Deus. A moderna Astronomia já conseguiu identificar algumas centenas de milhares de sóis, entre a 1ª e a 10ª grandeza.
     Os grandes sistemas estelares são chamados de galáxias. Cada uma delas pode agrupar de um bilhão a um trilhão de estrelas. Ora, os cientistas calculam que o Universo seja composto de, no mínimo, 10 bilhões de galáxias. Tudo isto proclama a glória de Deus!


A GRANDEZA DO UNIVERSO
     Chama-se Universo "o conjunto de tudo quanto existe (incluindo-se a Terra, os astros, as galáxias e toda a matéria disseminada no espaço), tomado como um todo", segundo a definição do Dicionário Aurélio. A imensidão do espaço celeste está de tal forma acima da noção de distância usada por nós, seres humanos, que metros, quilômetros e milhas tornam-se medidas quase sem significação ou valor quando aplicadas às gigantescas longitudes existentes entre os astros.
     Por esse motivo, o sistema criado para se medir essas distâncias chama-se ano-luz. Para o leitor ter uma idéia de como esse sistema funciona, basta saber que, em um segundo (exatamente o tempo que nós levamos para fechar e abrir imediatamente os olhos, o chamado "piscar de olhos"), a luz percorre 300.000 quilômetros.
     É por essa razão que, durante as chuvas com trovões e relâmpagos, vemos primeiramente o raio luminoso riscar o céu, e algum tempo depois é que ouvimos o barulho do trovão. Isto acontece porque o som demora muito mais tempo para chegar até nós do que a luz. Enquanto o som percorre 360 metros em um segundo, a luz percorre, no mesmo tempo, 300.000 quilômetros! Pois bem. Apliquemos agora estas informações à grandeza do Universo.
     A Terra está separada do Sol por uma distância de aproximadamente 150.000.000 (Cento e cinquenta milhões) de quilômetros. O mais veloz de nossos foguetes espaciais levaria mais de 10 anos para chegar lá (Caso isso fosse possível. Não é, porque o foguete se derreteria bem antes de chegar lá).
     Porém, a luz gasta só oito minutos para percorrer esse imenso espaço que nos separa da estrela solar que nos aquece e ilumina! Denomina-se ano-luz a distância cujo percurso a luz leva um ano inteiro para percorrer, viajando à fantástica velocidade de 300.000 quilômetros por segundo! Isto significa percorrer uma distância 63.000 vezes maior que a que nos separa do Sol.
     Um ano-luz tem 9.450.800.000.000 (nove trilhões, quatrocentos e cinquenta bilhões e oitocentos milhões) de quilômetros. Para que se tenha uma idéia do quanto as distâncias no Universo são imensas, basta saber que Alfa do Centauro, a estrela mais próxima da estrela que nos ilumina, ou seja, o Sol mais próximo do nosso Sol, está distante da Terra em cerca de quatro anos-luz. É o nosso vizinho mais próximo!

QUEM CRIOU TANTAS MARAVILHAS?
     Quem criou e povoou de sóis e planetas esse grandioso Universo, cujo tamanho e distâncias estão infinitamente acima de nosso limitado entendimento? Quem deu movimento a esses gigantescos corpos celestes? Quem lhes dotou de ordem e harmonia tais que palavras humanas não conseguem exprimir? Quem foi que lançou os alicerces invisíveis e inabaláveis dos astros, e quem mantém a Terra suspensa sobre o Nada? Quem somos nós diante dessas imensidões, ou onde estávamos quando tudo isto foi criado?
     "Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?", perguntou o Senhor a Jó, ao longo dos capítulos 38 e 39 do livro que nos relata a história do velho patriarca de Uz. (Leia o artigo "Cientistas norte-americanos tentam responder as perguntas que Deus fez a Jó", publicado neste blog). "Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre o que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam?"
     Sugerimos que o leitor leia diretamente em sua Bíblia esses dois capítulos, cuja beleza e profundidade têm, ao longo dos séculos, conquistado a admiração e a reverência dos maiores estudiosos das grandezas e fenômenos do Universo.

"GENERAL, DEUS EXISTE!"
     Porém, conforme comentou um astrônomo, a maior parte dos seres humanos passa toda a sua vida sem voltar um só instante o pensamento para os grandes mistérios da Criação.
     Sabe-se que o imperador Napoleão Bonaparte gostava muito de conversar sobre a existência de Deus. Certa vez, durante uma dessas conversas com o general Bertrand, este, que confessava-se ateu, perguntou a Napoleão:
     "Quem é Deus? Será que já o viste alguma vez?"
     Fitando-o calmamente, Napoleão respondeu:
     "General, nunca viste minha inteligência, porém, todas as vezes que presenciaste ou tiveste notícia de alguma das minhas vitórias, acreditaste em mim, e me exaltaste. E que são minhas vitórias diante das obras do Onipotente? Que são meus mais brilhantes feitos de armas diante do movimento das estrelas? Se, observando as ações de um homem, tu o consideras alguém dotado de grande inteligência, porque te negas a reconhecer a existência de um Deus Criador, cujas obras admiráveis estão espalhadas por toda a parte, e dão testemunho de Sua grandeza? General, Deus existe!"
     O grande filósofo grego Aristóteles, esforçando-se para deixar bem claro aos seus alunos ser impossível não reconhecer a existência e o domínio de Deus sobre a Natureza, disse certa vez que aquele que, em cima de um alto monte, vendo passar o exército dos gregos, tendo à frente os cavaleiros em seus cavalos, seguidos pelos carros de guerra e os combatentes a pé, será obrigado a pensar que alguém deve estar à frente, comandando aquela multidão de guerreiros.
     Do mesmo modo, quem vê no mar um navio deslizando sobre as águas, sabe que existe um piloto a bordo, que o conduzirá ao porto de forma segura. Assim também aqueles que erguem os olhos para o céu e veem o Sol seguir seu curso do oriente para o ocidente, e toda a frota das estrelas em perfeita harmonia, certamente procurará saber quem é o Criador desses corpos celestes, pois jamais aceitará que tantas e tão perfeitas maravilhas estejam abandonadas e à deriva no céu, e sejam obra do acaso.
     Esse Criador é Deus. "Quão grande é Deus, quão grande é Deus" — dizia Ampere (1775-1836), o cientista descobridor da eletricidade — "e quão pouco é o que nós sabemos sobre ele!" Alguém já disse sabiamente que o mais alto conhecimento que podemos ter de Deus nesta vida, é saber que ele está sempre acima de tudo o que pensarmos a seu respeito.

OS HOMENS SERÃO INDESCULPÁVEIS
     Deus existe desde a eternidade, é a origem da Vida; tem a Vida em si mesmo. O Universo e tudo o que nele há foram chamados à existência pela sua onipotência, segundo o supremo modelo de sua sabedoria e bondade.
      "Que é todo esse mundo visível (perguntou o inspiradíssimo teólogo espanhol Luís de Granada) senão um grande e maravilhoso livro que vós, Senhor, escrevestes e oferecestes aos olhos de todas as nações do mundo, tanto de gregos como de bárbaros, tanto de sábios como de ignorantes, para que nele todos estudassem e conhecessem quem vós sois? Que serão, portanto, todas as criaturas do mundo, tão formosas e tão bem formadas, senão como letras divididas e iluminadas, que declaram o primor e a sabedoria do seu Autor?...
     "E por vossas perfeições serem, Senhor, infinitas, e como não podia haver uma só criatura que as pudesse representar todas, foi necessário criar-se muitas, para que assim, a pedaços, cada uma por sua parte nos declarassem algo de tuas perfeições."
      As Escrituras Sagradas mostram que aqueles que se negam a reconhecer a existência de Deus, mesmo tendo os olhos do entendimento voltados para as suas inumeráveis obras, serão indesculpáveis.
     É o que argumenta o apóstolo Paulo no primeiro capítulo de sua Carta aos Romanos, cujos versículos 19, 20 e 21 são considerados a base da chamada "Teologia natural" defendida pelo apóstolo:
     "... visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis. Pois tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes seus raciocínios se tornaram fúteis, e seus corações insensatos se obscureceram."
     Comentando esta passagem de Romanos, o grande pregador grego do século IV, João Crisóstomo, perguntava:
     "Deus então chamou os pagãos à viva voz? Decerto que não. Contudo, ele criou algo capaz de chamar a atenção mais do que as palavras. Ele colocou o mundo criado no centro, e deste modo podem o sábio e o ignorante, o grego e o bárbaro remontar do simples aspecto das coisas visíveis até Deus."
     A verdade é que a capacidade natural que permite ao ser humano reconhecer a existência de Deus a partir do testemunho da Criação atrofia-se pouco a pouco naqueles que se negam a usá-la.
     O coração endurecido dessas pessoas, cujo maior objetivo na vida é gozar de tudo o que de perecível o mundo lhes oferece, não tem interesse algum em adquirir qualquer conhecimento acerca do Deus soberano que reina sobre todas as coisas.
     Porém, o fato de essas pessoas deixarem que essa capacidade natural de reconhecimento da existência do Criador se atrofie, por falta de uso, não significa que elas, apesar de possuírem um coração endurecido, não tenham sido dotadas dessa capacidade. Todos os seres humanos a possuem, e é por isso que muitos terão de responder diante de Deus por esse desconhecimento, conforme escreveu o apóstolo Paulo.
     Não poderíamos concluir este artigo sem citar uma belíssima oração do grande teólogo protestante francês Fénelon, e um belíssimo poema do nosso grande poeta romântico fluminense, que morreu aos 21 anos, Casimiro de Abreu. Em primeiro lugar, eis o texto sublime de Fénelon:
     "Meu Deus! Se tantos homens não te descobrem nesse belo espetáculo que lhes dás da Natureza inteira, não é que estejas tão longe deles. A tua luz resplandece nas trevas, mas as trevas são tão densas que a não compreendem. Manifesta-te em toda parte, mas em toda parte os homens, por descuidosos, não te veem.
     "Toda a Natureza fala de ti, e tece louvores ao teu santo nome, mas os homens, voluntariamente surdos, nada ouvem. Eles achar-te-iam, ó doce luz, ó eterna beleza sempre antiga e sempre nova, ó fonte de delícias, ó fonte de vida pura e bem-aventurada de todos os que vivem verdadeiramente... eles achar-te-iam, se te procurassem.
     "Vivem de ti, mas sem pensar em ti. Adormecem no seio paternal e, cheios de sonhos mentirosos que os agitam no dormir, não sentem a mão poderosa que os ampara. A ordem e a beleza que derramas sobre a face das tuas criaturas é para eles como um véu que encobre os seus olhos doentes de incredulidade.
     "Ó miséria, ó noite espantosa que envolve os filhos de Adão! O homem só tem olhos para ver sombras, e a verdade parece-lhe uma miragem! O que nada é, é tudo para ele, e o que tudo é, nada lhe parece!
     "Ai da alma ímpia que longe está de ti, sem esperança, sem eterna consolação. Porém, feliz é aquela que te procura, que suspira, que tem sede de ti; e mais feliz ainda é aquela sobre a qual brilha a luz da tua face, cujas lágrimas a tua mão enxugou, cujos desejos o teu amor já cumpriu.
     "Quando será, Senhor, o belo dia claro e eterno em que tu hás de ser o Sol, e em que banharás os nossos corações na plenitude de tua presença e glória? Nós, os que te servimos e adoramos, vivemos suspirando por este dia."

     E para encerrar, eis o encantador poema de Casimiro de Abreu:

NADA É MAIOR QUE DEUS
     Eu me lembro! eu me lembro — Era pequeno
     E brincava na praia; o mar bramia.
     E, erguendo o dorso altivo, sacudia

     A branca espuma para o céu sereno.
     E eu disse à minha mãe nesse momento:
     "— Que dura orquestra! Que furor insano!

     Que pode haver maior do que o oceano,
     Ou que seja mais forte do que o vento?"
     Minha mãe a sorrir olhou pros céus

     E respondeu: " — Um Ser que nós não vemos
     É maior do que o mar, que nós tememos,
     Mais forte que o tufão! Meu filho, é — Deus!"

Jefferson Magno Costa

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