quarta-feira, 27 de outubro de 2010

PASTOR DESCOBRE GRANDE TESOURO ÀS MARGENS DO MAR MORTO

Jefferson Magno Costa

     No início de 1947, um pastor beduíno da tribo dos Tamirés saiu à procura de uma de suas cabras que se desgarrara do rebanho e se perdera entre as rochas situadas na margem ocidental do Mar Morto. Aquele humilde criador de cabras, chamado Muhammad Dib, jamais poderia imaginar que sua busca o levaria ao local onde se encontrava um grande tesouro.
     Após caminhar durante várias horas sem conseguir qualquer vestígio da cabra perdida, Muhammad Dib foi atraído por uma sombra escura e estreita situada em um dos lados de um rochedo. Seria uma caverna? Sim, era uma caverna.
     Não havia qualquer sinal de vida entre aquelas rochas imensas, mas o pastor não resistiu à curiosidade e resolveu examinar o interior da caverna. Não era fácil aproximar-se da estreita entrada oculta entre os rochedos.
     Com muita dificuldade, Muhammad Dib conseguiu uma posição que lhe tornou possível jogar uma pedra para o interior daquele lugar misterioso e escuro. O barulho que ele ouviu encheu-o de surpresa e medo. Algo como um vaso de barro – um jarro ou um cântaro, por exemplo –, quebrara-se lá dentro! Muhammad Dib fugiu.
     Havia um motivo que justificava o seu medo: há quase um quilômetro dali encontravam-se as ruínas e o cemitério do antigo mosteiro dos essênios – uma das três principais seitas religiosas judaicas do tempo de Jesus Cristo. Aquele mosteiro tinha um nome: Khirbet Qumran.
     Os beduínos (árabes do deserto) procuravam evitar andar sozinhos naquele lugar, cuja história mergulhava em um passado misterioso e distante.
     Muhammad Dib, após correr e caminhar muito, encontrou um amigo, também pastor beduíno, relatou-lhe rapidamente o ocorrido, e ambos voltaram, levando cordas e armas para explorarem o interior da caverna. Lá dentro encontraram grandes potes de barro, com cerca de 60 centímetros de altura, enfileirados junto á parede. As bocas de todos eles estavam lacradas.
     – Achamos um tesouro! – disseram um para o outro. E imediatamente quebraram um daqueles potes para ver o que ele guardava. Para quem esperava encontrar jóias, moedas de ouro ou pedras preciosas, a decepção foi grande.
     Diante dos olhos ambiciosos daqueles dois pastores rudes apareceram rolos de pergaminho (couro de ovelha) e papiro (antigo material usado pelos escribas como livro, derivado de uma planta que nasce às margens do rio Nilo, no Egito).
     Os rolos haviam sido cuidadosamente envolvidos em panos de linho. Aqueles pastores do deserto jamais poderiam imaginar que estavam contemplando algo que valia mais do que moedas de ouro ou pedras preciosas. Ali estavam os mais antigos documentos da Bíblia já encontrados. Há exatamente 1877 anos (quase dois milênios!) aqueles documentos haviam sido colocados no interior daquela caverna.


ISAÍAS FALA OUTRA VEZ!
     Entre aqueles velhos rolos encontrava-se um pergaminho com oito metros de comprimento por 25 centímetro de largura. Era o livro do profeta Isaías! Se aqueles rudes pastores e comerciantes soubessem ler o hebraico antigo, teriam testemunhado o cumprimento do versículo 8 do capítulo 40 daquele livro: “Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra do nosso Deus permanece eternamente” (Is 40.8).
     Aquele rolo era semelhante àquele que deram a Jesus para que Ele lesse na sinagoga de Nazaré, diante do povo: “Então lhe deram o livro do profeta Isaías...” (Lc 4.1-7a).
     O grande arqueólogo francês Andre Parrot, após examinar o rolo anos mais tarde, escreveu sobre isso um interessante comentário: “Os movimentos das mãos de Jesus estão agora mais próximos de nós, pois na parte de trás do pergaminho ainda se vêem vestígios deixados pelos dedos dos antigos leitores”.










LUZ SOBRE O ANTIGO TESTAMENTO
     Graças ao clima seco do lugar onde os potes foram guardados, os manuscritos puderam resistir à passagem de 19 séculos, sendo tão-somente visitados por serpentes, lagartos e hienas da região. À semelhança de soldados no posto de vigilância, aqueles potes, aqueles cântaros estreitos e altos permaneceram ali, guardando as mais antigas cópias da Palavra de Deus!
     Para se ter uma ideia do valor daqueles rolos, basta saber que os mais antigos manuscritos em hebraico que tínhamos do Antigo Testamento datavam do ano 916 d.C. Porém, dispúnhamos também de duas traduções mais antigas que esses manuscritos: a tradução da Bíblia hebraica para o grego, realizada por 70 sábios (daí o nome: Septuaginta), por volta do ano 250 a.C., e a tradução da Bíblia hebraica para o idioma latino, realizada pelo erudito cristão Jerônimo, no século IV d.C. (conhecida como Vulgata).
     Diante disto, os críticos da Bíblia, os perseguidores das Escrituras Sagradas, apresentavam o seguinte problema: “Como podemos confiar no Antigo Testamento se a cópia mais antiga que temos dele foi escrita nove séculos após o tempo em que viveu Jesus Cristo?
     Como podemos saber se esse texto hebreu corresponde ao texto redigido há tantos séculos pelos profetas – escritores do Antigo Testamento, que viveram, no mínimo, em uma época 400 anos anterior à época do próprio Jesus? Quem nos garante que do tempo de Jesus até o ano 900 não houve alterações no que está escrito no Antigo Testamento?”
     Foram os rolos encontrados entre aquelas rochas á margem do Mar Morto que trouxeram respostas para todas essas perguntas. Deus havia providenciado para que aqueles documentos aparecessem exatamente em uma época em que a autenticidade de sua Palavra estava sendo satanicamente posta em dúvida.
     Não só naquela caverna, mas em outras dez, descobertas nos anos seguintes a 1947, foram encontrados pergaminhos e papiros, guardados segundo o mesmo processo dos primeiros.
     Os pastores perceberam que nos rolos havia muitas coisas escritas, mas não souberam traduzi-las, pois não conheciam aquele idioma. Ao longo da parede havia mais potes de barro, e dentro deles os beduínos só encontraram rolos. Quem os teria colocado ali? Aquele material valeria alguma coisa?
     Frustrados diante do achado, os beduínos resolveram sair da caverna levando oito daqueles rolos (os que estavam em melhor estado de conservação) para tentar vendê-los em Jerusalém.
     Conseguiram fazer com que alguns antiquários se interessassem por eles, e os venderam por uma ninharia. Jamais poderiam imaginar que um só daqueles manuscritos seria comprado tempos depois por 250 mil dólares!



FÍSICOS NUCLEARES EXAMINAM OS MANUSCRITOS
     Trinta e oito rolos encontrados nas 11 cavernas posteriormente descobertas nas proximidades do velho mosteiro de Qumram correspondiam a 19 livros do Velho Testamento.
     Além desses rolos (entre os quais, o que estava em melhor estado de conservação era o manuscrito do livro de Isaías), foram encontrados, após a exploração das cavernas de Qumran por equipes especializadas, fragmentos de todos os outros livros do Antigo Testamento, com exceção do livro de Ester, e cerca de 40 mil fragmentos (de papiro ou pergaminho) inscritos: eram antigos livros que não haviam resistido ao manuseio furioso e irresponsável dos rudes pastores beduínos que correram gananciosamente para as cavernas de Qumram à procura de tesouros, logo após saberem que Muhammad Dib e seu amigo haviam encontrado velhos cântaros no interior de uma caverna.
     Com esses fragmentos foram reconstituídos, pelos cientistas, mais de 500 livros, sendo que 100 deles pertencem ao Antigo Testamento (alguns desses livros tinham vários exemplares repetidos).
      Cinco dos oito rolos retirados da primeira caverna foram comprados, meses após a descoberta, pelo arcebispo Jeshue Samuel, da Igreja Ortodoxa Síria, em Jerusalém. Entre eles estavam, além do rolo completo do livro do profeta Isaías, o Manual de Disciplina usado pela comunidade essênica que vivia naquela desértica região onde situava-se o mosteiro de Khirbet Qumran (foram os essênios que haviam escondido, no ano 70 d.C. todos aqueles antigos livros nas cavernas, por uma razão que explicaremos a seguir), e o comentário de Habacuque.
     Os outros três rolos foram comprados pelo professor Sukenit, da Universidade Hebraica, em Jerusalém. O professor logo constatou que se tratava de manuscritos extraordinariamente antigos.
     O arcebispo Jeshue Samuel, que não sabia ler hebraico, entrou em contato com John Trever, diretor da Escola Americana de Investigações Orientais em Jerusalém.
     Trever examinou os manuscritos, e conseguiu fotografar, coluna por coluna, todo o livro do profeta Isaías. Em seguida enviou cópias dessas fotos para os Estados Unidos, endereçadas ao doutor W.F. Albright, da Universidade John Hopkins, considerado o maior arqueólogo bíblico norte-americano daquela época.
     Poucos dias depois, o doutor Albright telegrafou a John Trever: "Minhas calorosas felicitações pela maior descoberta de manuscritos nos tempos modernos!... Que descoberta absolutamente incrível! E, felizmente, não pode existir nem a mais leve dúvida no mundo com respeito à autenticidade desses manuscritos!” Albright assegurou que aquele rolo do livro do profeta Isaías havia sido escrito por volta do ano 100 antes de Jesus Cristo!
     Ora, isto significa que aquele manuscrito era mais de 1000 anos mais antigo do que o mais antigo manuscrito do Antigo Testamento que possuíamos até o ano de 1947! Os outros rolos encontrados nas demais cavernas haviam sido escritos entre o ano 200 antes de Cristo. Mas como era possível estarmos certos dessas datas? O que ou quem nos garantiria que aqueles rolos eram realmente antigos?
     Essa aparente dificuldade foi resolvida quando o arcebispo Jeshue Samuel, à convite dos norte-americanos, visitou os Estados Unidos, levando consigo seus valiosíssimos rolos, que foram parar no Instituto Oriental de Chicago, onde cientistas do Instituto de Física Nuclear os examinaram e os submeteram a um teste infalível, usando o contador Geiger. O método utilizado foi descrito por Werner Keller, no seu livro E a Bíblia Tinha Razão:
    “Esse método tem por base o seguinte raciocínio: em virtude do bombardeamento dos raios cósmicos que, vindos do espaço penetram incessantemente na atmosfera da Terra, o azoto transforma-se no isótopo radioativo de carbono 14. Todo ser vivo – homem, animal, planta – absorve diariamente, durante a vida inteira, C14, com o alimento e o ar que respira. No decurso de 5.600 (cinco mil e seiscentos anos), esse carbono perde a metade de sua radioatividade primitiva. Em toda substância orgânica morta é possível verificar, com um aparelho Geiger altamente sensível, quanta força irradiante perdeu o C14 nela contido. Pode-se calcular assim há quantos anos deixou de absorver carbono pela última vez.
     "O Prof. Libby foi encarregado de realizar a pesquisa. Tomou um pedaço de linho em que estava envolvido o rolo do livro de Isaías, carbonizou-o, introduziu-o numa bateria de tubos Geiger e obteve um resultado surpreendente. O tecido era de linho colhido no tempo de Cristo! Os documentos nele contidos deviam ser, pois, de uma data ainda mais antiga. Depois de pesquisas minuciosas e demoradas, os estudiosos da Escritura chegaram à conclusão idêntica. Com efeito, o texto de Isaías encontrado na caverna de Qumran, como o Prof. W.F. Albright também desta vez tinha sido o primeiro a concluir, fora escrito por volta do ano 100 a.C.!”







CONFIRMADA A FIDELIDADE DOS TEXTOS BÍBLICOS!
     Ao se comparar o velho rolo de IsaÍas encontrado na caverna de Qumran com o manuscrito mais antigo de que dispúnhamos (o texto massoretico, datado do ano 916 d.C.), constatou-se que eles eram idênticos, palavra por palavra! Isto demonstrou com que zelo os copistas haviam trabalhado, fazendo cópias das Escrituras a partir dos manuscritos originais (que já não mais existem), ao longo de mais de mil anos.
     Tinham sido fieis e exatos em tudo o que Deus revelara à humanidade através dos profetas. Os mais famosos desses copistas eram conhecidos como massoretas, termo hebraico que significa “Aqueles que zelam pela tradição”. Para termos uma idéia do quanto o texto bíblico que lemos hoje é confiável, vejamos quem eram esses massoretas, e como eles trabalhavam.








ESSES HOMENS ENVELHECERAM COPIANDO A BÍBLIA!
     Se não fosse o zelo e a inesgotável paciência dos copistas, que preparavam o maior número de cópias dos originais do Antigo Testamento, hoje praticamente quase todos os seus livros estariam perdidos, pois os papiros eram frágeis, e se desgastavam depois de um certo tempo, principalmente quando expostos à umidade. (Haja vista que os manuscritos descobertos nas cavernas de Qumran só resistiram ao tempo por terem sido guardados dentro de cântaros de barro, e em uma região de clima seco.)
     Crescendo abundantemente nos lugares pouco profundos dos lagos e rios do Egito e da Mesopotâmia, o papiro era uma planta em forma de cana, cuja medula era cortada em tiras. Os copistas juntavam essas tiras umas com as outras, trançando-as em ângulo reto, e em seguida prensavam-nas e colocavam-nas para secar.
     Depois de prensadas, as tiras formavam uma espécie de papel áspero, posteriormente suavizado pelo atrito de uma pedra lisa. Em seguida, várias dessas folhas de papiro eram costuradas umas às outras, formando rolos que mediam até dez metros de comprimento.
     Porém, a fragilidade do papiro levou os copistas a procurarem outro material mais resistente, e assim o papiro foi substituído pelo pergaminho – a pele de ovelhas e de outros animais. Depois de serem submetidas a uma rigorosa raspagem, as peles eram esticadas ao sol. Além de ser mais durável, o pergaminho tornou-se muito mais cômodo, tanto para a formação de rolos como para a escritura em si, e continuou sendo utilizado em todo o mundo antigo, até a Idade Média.
     Na luta contra o desgaste e o desaparecimento dos manuscritos sagrados, destacaram-se, entre todos os que se dedicaram à preservação da Palavra de Deus, um grupo de copistas e estudiosos judeus, os massoretas. Diego Arenhovel afirma que os massoretas “contavam os versículos, as palavras e mesmo as letras de cada livro, para garantir que, com as cópias, não se perdesse a mínima coisa que fosse”.
     Extremamente zelosos com aquilo que faziam, os massoretas, antes de começarem suas atividades de copistas, banhavam-se, vestiam roupas especiais, e todas as vezes que iam escrever o nome de Deus, utilizavam um segundo instrumento de escrita (um estilete, um cinzel ou uma afiadíssima pluma, conforme fosse a “caneta” utilizada na época), especialmente reservado para escrever o Nome que está acima de todos os nomes. Graças a esses homens que se dedicaram, com piedade e zelo, a copiar fidedignamente o texto sagrado, hoje podemos ter certeza de que a Bíblia por nós manuseada e lida é a reprodução fiel dos manuscritos originais.












QUEM HAVIA ESCONDIDO OS MANUSCRITOS NAS CAVERNAS?
     O mosteiro cujas ruínas se encontravam nas proximidades das cavernas onde os rolos foram encontrados, tinha sido habitado por um grupo de judeus pertencentes à seita dos essênios. Os primeiros religiosos essênios haviam chegado àquela desértica região ás margens do Mar Morto por volta do ano 200 antes de Jesus Cristo.
     Com o passar dos anos, muitos outros judeus, simpatizantes da vida reservada dos essênios, ajuntaram-se à comunidade, e construíram o mosteiro de Qumran. Muitos chegavam ali fugindo da vida agitada das cidades da Palestina, e viam o mosteiro como um refúgio para suas mágoas e desilusões. Tornavam-se monges essênios e passavam a usufruir cotidianamente de suas quietas e bem reguladas horas trabalhando nas hortas e tecendo linho a fim de proverem a comunidade de alimento e vestuário.
     Isso era feito na parte da manhã. À tarde e nas primeiras horas da noite, os essênios liam os livros sagrados, oravam, meditavam e se entregavam à importantíssima tarefa de preparar cópias fiéis dos manuscritos antigos, a fim de que a Palavra de Deus não se perdesse. Preparavam também cópias de muitos outros livros extra-bíblicos.
     Segundo algumas escolas de historiadores, João Batista tinha-se tornado essênio durante suas peregrinações no deserto, e o próprio Jesus teria entrado em contato com essa comunidade, no período que antecedeu seu ministério público. Essa última hipótese é pura especulação.
     No ano 70 depois de Cristo, o mosteiro de Qumran foi agitado pela notícia do fracasso da revolta judaica contra o governo romano, que até então dominara a Palestina (Sobre este assunto, leia o artigo Flávio Josefo, o general que testemunhou a existência histórica de Jesus, postado neste blog).
     Várias batalhas estavam sendo travadas em diferentes lugares, e iam culminar na destruição de Jerusalém e do Templo de Salomão pelas tropas comandadas pelo general romano Tito. Jesus já havia profetizado esse acontecimento (Mt 24.1,2).
     Os essênios sabiam o que aquilo significava para eles: tinham de abandonar Qumran às pressas, pois a 10a. Legião Romana não tardaria a aparecer para matá-los e destruir o mosteiro. A grande preocupação daqueles homens foi esconder todos os livros da rica biblioteca. Os manuscritos do Antigo Testamento estavam correndo perigo! Os essênios poderiam até morrer, mas a Palavra de Deus tinha de ser preservada.
     Os essênios sabiam da existência de umas cavernas muito bem ocultas entre os penhascos próximos ao mar Morto. Elas serviriam de abrigo seguro para os preciosos manuscritos. Trataram então de enrolá-los, revesti-los em panos de linho e colocá-los dentro de estreitos e altos cântaros, que em seguida tiveram suas bocas muito bem vedadas.
     Depois os transportaram para o interior das cavernas, onde eles ficaram esperando, durante quase 2000 anos, que olhos humanos voltassem a contemplá-los!
     Escavações realizadas recentemente nas ruínas do mosteiro de Qumran levaram os arqueólogos a descobrir pedaços de cântaros e restos de tecidos de linho – o mesmo material que havia sido utilizado para proteger os manuscritos escondidos pelos essênios nas cavernas. Também foram encontradas moedas usadas no tempo de Jesus.


OUTRA IMPORTANTE DESCOBERTA
     Além da descoberta dos famosos manuscritos do mar Morto, houve também outras igualmente importantes, tanto no campo da Arqueologia como no da Filologia.
     Quando a pedra de Roseta foi decifrada pelo sábio francês Champollion (a pedra foi encontrada na Delta no Nilo, próximo à Alexandria, e estava recoberta de registros hieroglíficos – sinais que os egípcios usavam como escrita), e quando outros filólogos conseguiram decifrar a escrita cuneiforme, tornou-se possível ler os antigos registros do Egito, da Babilônia, da Assíria e da Pérsia.
     Então, diante de historiadores e sábios, a veracidade e o fundamento histórico, religioso e literário do Antigo Testamento foi indiscutivelmente comprovado.
Jefferson Magno Costa

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

COMO A BÍBLIA CHEGOU ATÉ NÓS

Jefferson Magno Costa

     Profeta, legislador, senhor de servos e dono de rebanhos, ou simplesmente pastor de ovelhas, o primeiro homem que traçou as primeiras palavras do primeiro livro da Bíblia não dispunha de muitos recursos materiais para a execução do seu trabalho literário.
     Antes dele, e há milhares de anos, os primeiros descendentes de Adão e Eva vinham utilizando a face lisa das rochas para desenhar animais, figuras humanas e símbolos ritualísticos, ou para contar a história de guerras, de epidemias, de enchentes, de fartura e de paz.
     Porém, certamente o primeiro homem que recebeu do Altíssimo inspiração para escrever o texto que iniciou o registro da Revelação divina à humanidade – a Bíblia –, não fez uso da pedra para dar forma escrita à Mensagem do Senhor. Curiosamente, esse método de registro de palavras em pedra foi certa vez utilizado pelo profeta Isaías (Isaías 8.1), quando Deus mandou que o profeta tomasse “uma ardósia grande”, e escrevesse sobre ela (na edição Almeida Revista e Atualizada. Na edição Almeida Revista e Corrigida, a expressão usada é “toma um grande volume”).
     No Dicionário Houaiss, a palavra “ardósia” é definida como “rocha metamórfica compacta, de granulação fina e cor cinza”, também usada como lousa, ou quadro.
     Moisés, ao escrever os livros que compõem o Pentateuco, não fez uso da escrita cuneiforme (em forma de cunha), nem das tabuinhas de argila, ou tijolinhos, utilizados como instrumentos de escrita na civilização babilônica.
     Porém, o profeta Ezequiel usou certa vez essa superfície física para gravar a figura da cidade de Jerusalém (Ezequiel 4.1). Quem fez uso da pedra para registrar seus mandamentos foi o próprio Senhor, ao preparar e entregar a Moisés as tábuas de pedra contendo a lei e os demais preceitos divinos (Êxodo 24.12).

A "CANETA" E O "CADERNO" DE MOISÉS
     Porém, tudo o mais que Moisés escreveu (Êxodo 24.4), ele o fez utilizando rolos de papiro e uma cana de junco, conhecida como pluma, que variava de 15 a 40 centímetros de comprimento (Vide Josh McDowell. Evidencia que exige um veredicto (trad. espanhola). Editorial Vida. Miami, FLA, 1982, p.30. Há uma tradução portuguesa deste livro pela Editora Candeia).
     Sua extremidade era cortada em forma de cinzel (“instrumento manual que tem numa extremidade uma lâmina de metal resistente muito aguçada”, Houaiss), e isto permitia fazer-se inscrições grossas ou finas.
     Uma análise minuciosa da tinta utilizada nos papiros mostrou que esta era um composto de carvão, goma e água, ao que acrescentavam um ácido, para torná-la perdurável.
     Crescendo abundantemente nos lugares pouco profundos dos lagos e rios do Egito e da Mesopotâmia, o papiro era uma planta em forma de cana, cuja medula era cortada em tiras, e essas eram unidas em ângulo reto umas com as outras, em seguida prensadas e colocadas para secar.
     Depois de prensadas, as tiras formavam uma espécie de papel áspero, posteriormente suavizado pelo atrito de uma pedra lisa. Em seguida, várias dessas folhas de papiro eram unidas umas às outras, formando rolos que mediam até dez metros de comprimento. (Foi descoberto um rolo que media nada menos que 48 metros! – Carlos W. Turner. El Libro Desconocido. Librerie La Aurora. Buenos Aires, 1943, p. 12. Vide também Josh McDowell, op. cit.).

CONFIRMADO: MOISÉS ESCREVEU O PENTATEUCO
     Já que estamos fazendo referências a Moisés em sua qualidade de escritor sagrado, é oportuno lembrar aqui que o grande legislador hebreu certa vez foi motivo de uma grande polêmica ocorrida entre os detratores da Bíblia e vários especialistas no Antigo Testamento.
      Baseados em alguns documentos antigos, os representantes da chamada “alta crítica” da Bíblia afirmaram que Moisés não poderia ter escrito o Pentateuco, pois no seu tempo a escrita ainda era desconhecida.
      Consequentemente, o Pentateuco teria sido escrito por um autor mais recente.
      Mas essa afirmação desmoronou por completo quando alguns arqueólogos, que faziam escavações próximo às ruínas de Babilônia, descobriram o “código negro”, as famosas Leis de Hamurabi.
     Era um grande bloco de pedra negra, com leis babilônicas escritas em caracteres cuneiformes, vários séculos mais antigo do que os escritos de Moisés, sendo, inclusive, anterior ao próprio Abraão.
     Portanto, a humanidade já vinha utilizando-se da escrita desde períodos muito mais remotos do que se pensava.
     Não fosse o zelo e a inesgotável paciência dos copistas que preparavam o maior número possível de cópias dos originais do Antigo Testamento, hoje praticamente quase todos os seus livros estariam perdidos, pois os papiros eram frágeis, e se desgastavam depois de um certo tempo, sobretudo quando expostos à umidade.
    Haja vista que os manuscritos descobertos em 1947 nas cavernas de Qumran, próximas ao Mar Morto, só permaneceram intactos por terem sido escritos sobre pergaminho, e guardados dentro de cilindros de barro em uma região de clima seco.
     A fragilidade do papiro levou os homens a procurarem outro material mais resistente, e assim o papiro foi substituído pelo pergaminho – a pele de ovelhas e de outros animais. Depois de ser submetidas a uma rigorosa raspagem, as peles eram esticadas ao sol.
     Além de ser mais durável, o pergaminho mostrou-se um material muito mais prático e cômodo, tanto para a formação de rolos como para a escrita em si, e continuou sendo utilizado por todo o mundo antigo, até Gutenberg inventar a imprensa, no final do século XV.

O TRABALHO EXTRAORDINÁRIO DOS MASSORETAS
     Na luta contra o desgaste e o desaparecimento dos manuscritos sagrados destacaram-se, entre todos os que se dedicaram à preservação da Palavra de Deus, um grupo de sábios judeus, os massoretas. O pesquisador Diego Arenhoevel (Assim se formou a Bíblia. Edições Paulinas. São Paulo, 1978. p. 34) afirma que os massoretas “contavam os versículos, as palavras e mesmo as letras de cada livro, para garantir que, durante a atividade de preparação das cópias, não se perdesse nenhuma letra que fosse.”
     Extremamente zelosos com o que faziam, os massoretas, antes de começarem suas atividades, purificavam-se, vestiam roupas especiais, e todas as vezes que iam escrever o nome de Deus, utilizavam outro instrumento de escrita especialmente reservado para isto. Entre eles havia uma recomendação:
      “Quando você estiver no trabalho de copista e for copiar o nome de Deus, não se distraia com nada. Se alguém nesse momento lhe dirigir a palavra, não pare para atender a essa pessoa, mesmo que ela seja o próprio rei, e isto lhe custe o risco de ser decapitado. Não desvie sua atenção, pois você está escrevendo o Nome que está acima de todo nome.”
      Graças a esses homens que se dedicaram, com piedade e zelo, a copiar fidedignamente o texto sagrado, hoje tem sido possível constatar-se a fidelidade do texto bíblico atual em relação aos mais antigos manuscritos.

OUTRAS IMPORTANTES DESCOBERTAS
      Além da grande descoberta dos manuscritos do Mar Morto, houve também outras igualmente importantes, tanto no campo da arqueologia quanto no da filologia.
      Quando a Pedra de Roseta foi decifrada pelo sábio francês François Champollion (a pedra foi encontrada no delta do Nilo, próximo à Alexandria, por Napoleão Bonaparte e sua comitiva de sábios, e estava recoberta de registros hieroglíficos – sinais que os egípcios usavam como escrita), e quando outros filólogos conseguiram decifrar a escrita cuneiforme, tornou-se possível ler os antigos registros do Egito, da Babilônia, da Assíria e da Pérsia.
       Então, diante de historiadores e sábios, a veracidade e o fundamento histórico, religioso e literário do Antigo Testamento foram indiscutivelmente comprovados.
      Certa vez um jovem seminarista alemão, estudioso do Novo Testamento, estava examinando antigos documentos papíricos em grego (cartas, contratos, arrependimentos, convites, registros, notícias e bilhetes privados), escritos por pessoas que viveram no tempo em que o Novo Testamento foi escrito.
      Pouco a pouco, ele começou a ficar admirado com a semelhança do grego daqueles documentos (simples, familiar, utilizado no dia-a-dia) com o grego que o apóstolo Paulo havia usado para escrever suas cartas.
       Aquela descoberta vinha resolver um problema há muito insolúvel – por que o Novo Testamento havia sido escrito em uma linguagem não-clássica, não-literária, em grego koinê, popular? A descoberta do seminarista Adolf Deisman no convento de Santa Catarina do Monte Sinai comprovou que aquilo havia sido uma providência de Deus para que o Evangelho atingisse rapidamente as camadas populares daquela época, e a verdade fosse guardada no coração e na mente do povo.
      A Revelação de Deus alcançou em pouco tempo a todos, graças à linguagem maravilhosa e simples em que foi escrita.
       O próprio apóstolo Paulo, no primeiro capítulo da 1ª Carta aos Coríntios, desconsiderou o estilo literário, e isto lhe custou severas censuras da parte dos crentes de Corinto, que criticaram sua maneira rude de usar o grego (2 Coríntios 11.6). Porém, os papiros encontrados pelos arqueólogos têm confirmado que o apóstolo, ao escrever suas cartas, na grandeza de sua simplicidade, não fez uso de um estilo retórico, e até fugiu de palavras rebuscadas.
       Agindo assim, ele construiu o maior monumento teológico-literário a serviço da grandiosa e simples mensagem de Jesus Cristo, o Senhor da Verdade e da Simplicidade.
Jefferson Magno Costa

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

FLÁVIO JOSEFO, O GENERAL JUDEU QUE TESTEMUNHOU A EXISTÊNCIA HISTÓRICA DE JESUS

Jefferson Magno Costa



     Galileia, julho de 67 d.C. Estamos na região onde Jesus viveu seus suaves dias de menino, de adolescente e de rapaz, ao lado de José, ao lado de Maria, ao lado de seus irmãos.
   Já não se vê Jesus andar,
   na Galileia, sobre o mar;
   nem multidões se vê passar,
   para Cristo na cruz pregar,

diz a letra do belo hino do cantor e compositor norte-riograndense José Costa, meu pai. E quase dois mil anos distantes daqueles conturbados e gloriosos dias em que Jesus Cristo homem viveu entre os homens, é José Costa que inspiradamente canta o que tem-se constituído, há quase dois milênios, no brado triunfal da Igreja:
   Ó cravos, cruz, ó turba vil,
   o teu poder já sucumbiu;
   não podes mais, Jesus venceu,
   e em glória subiu para o Céu!
     Porém, eis que estamos na Galileia, em pleno ano de 67 d.C. Os judeus guerreiam contra os romanos. Dentro de mais três anos e alguns meses, uma das profecias de Jesus terá o seu fiel e terrível cumprimento: a queda de Jerusalém, e a total destruição do Templo (Mc 13.1,2). A revolta dos judeus contra os romanos começara no ano anterior, precisamente em maio de 66.
     Nessa época a Galiléia estava sob o domínio do procurador ou governador romano Géssio Floro. Esse Géssio havia ocupado, dois anos antes, o lugar de outro governador romano, Albino, e este, por sua vez, havia sucedido a um outro governador, Pórcio Festo, nosso conhecido, graças, às referências que dele fez Lucas em Atos dos Apóstolos, 25.1-12.
     Foi nesse fatídico ano de 66 que tudo começou. Nem o governador romano Géssio Floro, nem aquele rei bastardo, Herodes Agripa II (o famoso rei Agripa, citado em Atos 25.13), bisneto de Herodes, o Grande (Mt 2.1), puderam conter a rebelião do judeus, que em pouco tempo se espalhou por toda a Palestina. É nesse momento que entra em cena o homem cuja vida e obra nos levaram a traçar as linhas deste breve ensaio biográfico. Seu nome: Flávio Josefo.

UMA TESTEMUNHA DO TEMPO DE CRISTO
     Aliás, não era assim que seus compatriotas judeus o conheciam, e sim por Yoseph ben Mattiyahu ha-Cohen, seu verdadeiro nome. Ele passou a se chamar Flávio Josefo após ter sido conduzido a Roma como prisioneiro do General Tito. Josefo, que participou da guerra contra os romanos como general das forças judaicas que combatiam os exércitos de Nero na Galiléia, foi testemunha ocular da queda de Jerusalém e da destruição do Templo.
     Ele viu a Palestina que Jesus viu, conversou com um dos Herodes, e conheceu dezenas de outras pessoas citadas tanto nos Evangelhos como no livro de Atos dos Apóstolos.
     Josefo nasceu no ano 37 ou 38 da Era Cristã. No ano do seu nascimento, Jerusalém estava sendo sacudida pela pregação dos apóstolos. Porém ele, à semelhança do apóstolo Paulo, foi educado dentro das mais rigorosas exigências rabínicas. Destacou-se de tal modo no estudo da Lei, que aos 14 anos de idade, os rabinos conversavam com ele de igual para igual sobre os mais difíceis e variados assuntos bíblicos.
     Tão intenso era o seu desejo de tornar-se fiel cumpridor da Lei, que aos 16 anos foi para o deserto seguir as práticas religiosas de um velho eremita judeu chamado Bane, e de lá só voltou três anos depois, entrando para a seita dos fariseus. Passados alguns meses, tornou-se sacerdote.
     Aprendeu o grego e o latim, e graças à sua cultura e habilidade, foi enviado em 64 d.C. a Roma em missão semi-oficial. Ao retornar de lá, Josefo deparou-se com os primeiros sinais da rebelião dos judeus contra os romanos. Sabedor de que a guerra contra os romanos havia começado em vários pontos da Palestina, e tentando evitar que os judeus da Galileia, que até então permaneciam neutros, porém armados, entrassem na guerra, o Sinédrio (Supremo Tribunal Judaico) enviou o jovem sacerdote Flávio Josefo com a missão de acalmar os galileus.
     Porém, a onda nacional de revolta o arrastou e o envolveu, e muito contra sua vontade foi-lhe confiado o alto comando das tropas da Galileia.

DERROTA E ESTRANGULAMENTO COLETIVO
     As legiões romanas em campanha de guerra na Galileia atacaram os judeus que estavam sob o comando de Flávio Josefo, forçando-os a se refugiarem na cidade fortificada de Jotapata, localizada a pouco mais de 15 quilômetros ao norte de Nazaré. O próprio célebre e muito condecorado general romano Vespasiano comandava o ataque.
     Após 47 dias de cerco, Jotapata caiu diante das espadas e lanças romanas. O jovem sacerdote Flávio Josefo, em companhia dos quarenta mais graduados judeus sob o seu comando, refugiou-se dentro de uma cisterna profunda, no fundo da qual havia uma caverna. Porém, o esconderijo foi descoberto, e diante da promessa de Vespasiano poupar-lhes a vida, caso eles se entregassem, os judeus que estavam com Josefo acharam tão vergonhosa essa situação que resolveram apelar para o suicídio coletivo.
     Contudo, Josefo os convenceu a lançarem sorte entre si e estrangularem uns aos outros, de acordo com o que coubesse a cada um.
     Em pouco tempo só restaram vivos Flávio Josefo e um outro companheiro. Josefo convenceu esse judeu a se entregar com ele a Vespasiano. Ao ser trazido à presença do general dos Exércitos de César, Flávio Josefo profetizou que Vespasiano em breve seria chamado a Roma para ocupar o trono vazio.
     Isto aconteceu dois anos depois. Vespasiano tornou-se imperador, deixando no seu lugar na Palestina seu filho Tito, de quem Josefo tornou-se prisioneiro e intérprete. Finda a guerra, e após haver testemunhado a destruição de Jerusalém em 70 d.C. pelo general romano Tito, Josefo foi conduzido a Roma.

O RELATO DE UM HISTORIADOR DO TEMPO DOS APÓSTOLOS
     Em Roma, o imperador Vespasiano o tratou como um personagem ilustre, permitindo que ele transitasse livremente por todos os lugares da cidade, e o presenteou com propriedades e outros bens. Despreocupado com o próprio sustento, Josefo viu-se dono do seu tempo, e totalmente livre para escrever. Em sua mente ainda estavam acessas as imagens de tudo quanto ele vira na guerra do seu povo contra os romanos.
     Foi então que escreveu o mais importante documento histórico sobre o desastre da nação judaica profetizado por Jesus, o livro Antiguidades Judaicas, onde se encontra a mais importante referência histórica extrabíblica sobre o nosso Salvador (ao todo, existem no mundo 11 referências históricas que confirmam, fora das páginas da Bíblia, a passagem de Jesus Cristo sobre a face da terra. São fontes de origem judaica, grega, romana, samaritana e siríaca).
     A referência de Josefo sobre Jesus encontra-se no livro XVIII, capítulo IV, parágrafo 772 das Antiguidades Judaicas. O ex-general e agora historiador judeu fala inicialmente sobre uma revolta dos judeus contra Pilatos, ocorrida no ano 27 d.C., por esse ter pretendido vender peças do tesouro do Templo para levantar recursos financeiros a fim de trazer para Jerusalém a água de uma nascente afastada que abasteceria a piscina de sua mansão. Em seguida, para nossa surpresa, Josefo diz magistralmente:
     “Nesse mesmo tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia podemos considerá-lo simplesmente como um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade, e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios.
     "Era o Cristo. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito, e que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram o seu nome.” (Antiguidades Judaicas. Tradução do Pe. Vicente Pedroso. Editora das Américas. 1ª. parte. 5º. volume. São Paulo.1956).
     Outro fato aumentou em muito o valor do livro Antiguidades Judaicas. Além de ter participado dos acontecimentos narrados, Josefo teve acesso direto aos comentários da guerra contra os judeus escritos por Vespasiano e seu filho Tito, e a preciosos documentos deixados por outros historiadores anteriores a ele, documentos estes que, em sua maioria, não chegaram até nós; perderam-se na escuridão do passado, roídos pelos implacáveis dentes do tempo.
Jefferson Magno Costa

domingo, 17 de outubro de 2010

OS EVANGÉLICOS E AS SUPERSTIÇÕES. VOCÊ ACREDITA NESTAS COISAS?

Jefferson Magno Costa
     A lista de crendices que existem espalhadas no meio do povo brasileiro é imensa. E não podemos negar que muitos evangélicos também vivem presos a crenças e práticas superticiosas, infantis e até ridículas, fruto das crendices do antigo paganismo, catolicismo e espiritismo africano que se alastraram pelo Brasil.
     O mais lamentável de tudo isso é que certos grupos que se dizem evangélicos arrastaram para dentro de suas igrejas, como "ferramenta de marketing", toda essa parafernália de crendices e práticas supersticiosas, e estão ressuscitando e fazendo uso, entre os seus fiéis, de muitas práticas já abandonadas pelo próprio catolicismo e espiritismo.
     Não estamos colocando aqui em dúvida o poder de Jesus realizar milagres. Jesus, e unicamente Jesus, tem o poder de libertar as pessoas e realizar qualquer milagre, e não igreja i, m ou u, pastor rv ou m. Superstição a, b ou c.
     Alguns ingênuos costumam testemunhar: "Eu estava sofrendo disso ou daquilo. Então fui convidado para participar de tal trabalho em tal igreja, e fui liberto, graças ao fato de ter vindo para essa igreja." O mérito da libertação é dado à igreja, à grife famosa. Isso é atitude corporativa, é procedimento empresarial. Jesus não recebe glória nenhum. Ele raramente é mencionado, ou simplesmente não é mencionado.  
    Estão se esquecendo da declaração do apóstolo Pedro diante de Jesus: "Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna" (João 6.68).
      Igreja a, u, i ou m não tem poder nenhum de libertar ninguém. Nem aos seus próprios líderes. Só Jesus tem poder de libertar o ser humano de qualquer coisa. Desde que ele realmente procure Jesus.
     Segundo a definição de um dos mais consultados dicionários da língua portuguesa (Aurélio), superstição é o “sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes”.
     Poucos solos existem no mundo tão propícios ao florescimento de crenças em coisas ineficazes como o do Brasil. Antes que o primeiro ser civilizado pisasse pela primeira vez em terras brasileiras, a superstição dos índios animistas dominava de ponta a ponta o nosso país.
     Por sua vez, os portugueses que aqui chegaram para iniciar a colonização trouxeram para cá uma imensa carga de crendices e práticas supersticiosas, fruto do antigo catolicismo português, um catolicismo cheio de novenas, breves, bentinhos, ramos bentos, sal bento, água benta, medalhas bentas, escapulários, Agnus Dei, rezas fortes.
     Depois vieram os negros com suas entidades da África, e sua contribuição para o conjunto de crendices foi tão grande, que colocou o Brasil entre os países mais supersticiosos do mundo.
     Tivemos um presidente que não vestia roupa de cor marrom e não entrava em casa que tivesse pinguim de louça ou de plástico como ornamento sobre a geladeira. Segundo ele, dava azar.
     Alguns brasileiros, ilustres e não ilustres, quando veem, ouvem ou pressentem a presença de algo que "dá azar", correm para a primeira árvore ou objeto de madeira e batem nela, para "isolar". Há um escritor e um cantor brasileiros, ambos muito famosos, que fazem isso todo os dias. 
     Para muitos dos nossos compatriotas, o número 13 – sexta-feira 13, 13 pessoas à mesa – é algarismo que deve ser evitado, é número que atrai o mal. Outros veem no espelho quebrado o prenúncio de alguma desgraça.    
     Há os que acreditam que apontar estrelas cria verrugas, assobiar à noite chama cobras, passar por debaixo de uma escada dá azar, olhar um enterro até que ele desapareça na esquina faz com que a pessoa que olha seja brevemente enterrada também.
     Descer da cama com o pé esquerdo atrapalha o dia, pisar no rabo de gato ou matá-lo atrasa a vida por sete anos, mulher grávida que comer frutas gêmeas terá filhos gêmeos, comer coração de galinha torna a pessoa medrosa, deixar a vassoura virada atrás da porta faz a visita demorada sair depressa, criança que passar por baixo dos braços de duas pessoas que se dão as mãos deixará de crescer.
     Padre que passa entre duas moças faz com que elas não encontrem marido, andar de costas atrasa a vida, deixar sapato ou chinelo virados com o solado para cima atrai a morte para o seu dono, espetar um alfinete na roupa do marido garante a felicidade, duas pessoas lavarem as mãos na mesma bacia e enxugarem na mesma toalha, brigarão na certa.
     Mulher que varre casa à noite morrerá inchada, dar nome de filho falecido a outros filhos, eles morrerão ainda na infância, cortar cabelo numa sexta-feira leva a pessoa à loucura, entrar por uma porta e sair por outra leva a sorte do ambiente, dormir com os pés virados para a porta atrai a morte para quem dorme assim, passar vassouro sobre os pés de moça solteira fará com que ela custe a casar, e dezenas de outras crendices semelhantes.
     Existem também superstições ligadas a avisos, como as que se seguem: borboleta negra entrou em casa é sinal de morte; sentir coceira na sola dos pés é sinal de viagem próxima; vestir casualmente a roupa pelo avesso, a pessoa vai receber dinheiro; caiu um talher, haverá visitas; sentir coceira na palma da mão, é dinheiro que está chegando; sentir a orelha quente, alguém está falando mal da pessoa; cachorro uivando perto da casa do doente, é morte na certa; galo cantando fora de hora é sinal de desgraça; criança que nasce com a mão fechada será sovina, mesquinha; morto de olho aberto, haverá em breve outro morto na casa; viajar com padre é desastre certo; mostrar ao bebê sua imagem no espelho, ele custará a falar; mulher grávida que traz no seio uma chave, o filho terá o lábio rachado (lábio leporino), e muitas outras.

AS SIMPATIAS CURATIVAS
     As práticas supersticiosas com fins medicinais são inúmeras. Através delas, o diabo está se prevalecendo da ignorância do povo, e ridicularizando-o através de práticas humilhantes.  Uma breve enumeração de crendices medicinais vigentes neste Brasil das “simpatias” curativas, revela atitudes perigosas, imundas e ridículas.
     Para curar úlceras de perna, aconselha-se o doente a usar areia de cemitério; para curar conjuntivite, deve-se banhar os olhos em urina de recém-nascido do sexo masculino; para curar sarampo, o doente deve tomar chá de excremento de cachorro; para evitar aborto, a mulher deve beber um copo de água em que o marido tenha banhado o rosto; para curar inflamação na garganta, o doente deve passar no pescoço o sangue de galinha preta, ou fazer gargarejo com caldo de lagartixa; para curar dor de dente, deve-se colocar na encruzilhada três sabugos de milho: a primeira pessoa que passar e chutar os sabugos, ficará com a dor; para se conservar a visão deve-se comer formigas; dor de ouvido deve ser curada com óleo de rato, e a lista prossegue.

OS EVANGÉLICOS E AS SUPERSTIÇÕES
     Vivendo em um país potencialmente voltado para tantas práticas supersticiosas, o evangélico brasileiro, para manter-se isento de qualquer influência crendeira, para não sofrer nenhuma daquelas deficiências de fé às quais se refere o apóstolo Paulo em 1 Tessalonicenses 3.10, para aprender a edificar-se e caminhar tão-somente no temor do Senhor (Atos 9.31), terá de crescer na graça e no conhecimento da Palavra de Deus (Provérbios 2.1-10).
     Porém, muitos têm-se entregue a comportamentos supersticiosos, a determinadas correntes, à crença no poder e na eficácia de objetos adquiridos em troca de ofertas. Outros depositam sua crendice mais na eficácia protetora de certos versículos do que no restante da Bíblia como regra de fé, orientação e prática. Exemplo disto é o Salmo 91.
     Deus pode fazer uso de infinitas maneiras para atuar na vida de seus servos, e não têm sido poucas as vezes em que o Salmo 91 tem servido de meio para a manifestação do seu poder. Porém, isso não significa que o conhecidíssimo Salmo de Davi tenha mais valor ou mais eficácia do que Gênesis 1.1 ou Apocalipse 22.21 – o primeiro e o último versículos da Bíblia.
     Há pessoas que, antes de dormir, abrem a Bíblia no Salmo 91 por acreditarem que os bandidos ou o Diabo correrão com medo dele. Esquecem, porém, que não é o Salmo 91 que os livrará do mal, e sim o Deus que inspirou o salmista Davi a escrevê-lo. (E não devemos esquecer que o Diabo conhece o Salmo 91 melhor do que muito crente por aí). 
     As próprias palavras do Salmo são bastante claras a respeito de quem é realmente a "fonte de poder" desse Salmo: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.” Observe-se que o salmista não escreveu: “Aquele que habita no esconderijo do salmo 91”, ou “Direi ao salmo 91: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.” Pois é Deus que nos livrará do “laço do passarinheiro e da peste perniciosa.” É tão-somente nele que depositamos a nossa confiança.
     Ele pode nos falar através de um versículo tirado de uma caixinha de promessas, porém jamais aprovará a atitude daqueles que fazem uso dessa coleção de versículos de modo supersticioso, deixando muitas vezes de orar e ler a Bíblia para viver espiritualmente de pequeninas leituras feitas às pressas antes de sair de casa, conforme faz quem consulta horóscopos.
    
O "CAMBALACHO" DA FÉ
     É aproveitando-se da ingenuidade de muitos evangélicos que certas pessoas tem-se tornado verdadeiras camelôs da fé, comercializando o que dizem ser azeite “ungido” de Jerusalém, areia da “Palestina”, ramos de oliveira do Getsêmani, e outros “artigos” adquiridos pelo povo de tal forma que fazem lembrar os amuletos do paganismo. Jesus não precisa do incentivo do copo d'água ou da "fogueira santa" para agir. Pois ele mesmo é a Água da Vida para quem tem sede (João 6.35), e também Fogo Consumidor para quem está precisando (Hebreus 11.29).
     Só faltam comercializar às pessoas ingênuas e supersticiosas, dentro de frasquinho cuidadosamente tapado e visivelmente vazio, o "último suspiro de Jesus no Calvário".
     Existem muitas pessoas por aí brincando com coisas sérias, prevalecendo-se da credulidade do povo, escandalizando o Evangelho, vivendo regaladamente dos cambalachos da fé.
     A esses nós denunciamos e repudiamos suas práticas. A esses nós lembramos as palavras de Jesus: “Muitos naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim os que praticais a iniquidade” (Mateus 7.22,23). Não tardará o dia em que esses "camelôs da fé" terão de ajustar contas com Deus.
     Quanto aos evangélicos supersticiosos, lembramos-lhes que “para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes, e não vos submetais de novo a jugo de escravidão” (Gálatas 5.1). O apóstolo Paulo, escrevendo aos Colossenses (1.13), lembra que Jesus Cristo “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do filho do seu amor.”
     E é João, na sua primeira epístola (4.18), que nos mostra o quanto esse amor é importante no processo de libertação de todos os temores supersticiosos: “No amor não existe medo: antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2 Timóteo 1.7)
Jefferson Magno Costa

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

AFINAL, MULHERES, A BELEZA FÍSICA FEMININA É O ÚNICO FATOR QUE DESPERTA O INTERESSE DOS HOMENS, OU HÁ EM VOCÊS OUTROS FATORES QUE OS ATRAEM?

     Prezada irmã Susana: Achei seu comentário tão relevante, instigante e pertinente, que resolvi postá-lo como um artigo no Sublime Leitura. Ele é muito consistente, e está alicerçado em argumentos sólidos.
     Mas será que sua opinião coincide unanimemente com a opinião dos demais leitores? Tenho certeza de que a minha opinião não coincide. A prova disto é seu comentário. Estou publicando-o como matéria na tentativa de fazer o assunto avançar um pouco mais.
     Eu ainda não disse tudo o que poderia dizer sobre o tema. Creio que ainda posso focar outros ângulos provocativos, proveitosos e interessantes.
     Porém, antes de fazê-lo, estou publicando o seu excelente comentário, irmã Susana, na esperança de que outros leitores e leitoras entrem também nessa conversa para enriquecê-la ainda mais com suas observações.
    Será que conseguiremos interessar outras pessoas pelo assunto e fazê-las participar desse debate? 



 Comentando o artigo Beleza é Fundamental?, Susana Silvério disse...
    
    Estou preocupada com a importância que as mulheres dão à Beleza. Porque, infelizmente, muitas delas estão se limitando a investir na Beleza estética, corporal. Pra mim, mais do que a Beleza, a Inteligência sim, é fundamental! Inteligência inclusive para rejeitar os limitados padrões de beleza.
     Os padrões estéticos herdados dos europeus não me convencem em relação a beleza. Não creio que uma população escura, de traços fortes, altura mediana e corpo nada esguio, deva sofrer pra se enquadrar nos padrões de beleza impostos pelas revistas e telenovelas.
    Percebo uma valorização exacerbada da aparência, em detrimento da essência. Muitas mulheres que sofrem em dietas malucas, gastando mais dinheiros do que realmente têm em salões de beleza. E pra quê? São pessoas fúteis tentando manter seus companheiros fúteis ao seu lado.
     Às vezes dou uma volta pelos blogs femininos e em muitos deles vejo uma máxima: dicas de beleza. Eu vou dar uma dica de beleza. Por favor, levem minha dica à sério. AGRADEM O NOIVO! Cuidem da beleza incorruptível, que não envelhece. Cuidem para que sua beleza não esteja limitada ao uso de jóias e tranças. Mas que seja a "sabedoria" a formosura sem igual que qualquer mulher deva buscar. Por que já vi inúmeras mulheres belas com casamentos, vidas e relacionamentos com seus filhos destruídos, mas nunca vi uma mulher sábia perder seu casamento e ver sua vida arruinada...
     Vejo mulheres como Abigail, Rute, Déborah, Ester, Dorcas serem louvadas por sua essência. E é exatamente isso que agrada o Noivo. Se você é uma mulher sábia evidentemente não vai deixar de se arrumar e procurar, com simplicidade, parecer sempre bela. Em primeiro lugar agradando o Noivo eterno e em decorrencia disso, seu parceiro nessa jornada efêmera aqui da terra.
     Eu sei que seu post não se trata disso, pastor Jefferson, perdão pelo desabafo. Mas vejo que as mulheres cristãs da minha geração estão surtando, agora que 'podem' usar maquiagem, jóias e roupa esporte, a vida de muitas agora se resume a isso! Francamente...
     O que está acontecendo com seus valores e moral cristã? Sou uma mulher inteligente, organizada, trabalhadora, carinhosa, boa filha, boa esposa, e serei uma boa mãe. Se meu esposo me deixar por outra mais magra ou mais jovem, ou loira, só vou entender isso como uma falha no caráter dos homens de hoje. Porque não me limito ao 'frasco' assim como um perfume, o que tenho dentro é mais do que minha aparência... Jesus é o que tenho de mais belo, ele é a minha essência!
Susana Silvério

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

BELEZA É FUNDAMENTAL?

Jeffferson Magno Costa

 
    Para o grande apaixonado Vinícius de Morais, sempre foi. É o que ele diz no início do seu conhecidíssimo poema, Receita de mulher, que contém os ingredientes da mulher ideal, uma poesia repleta de surpresas, de deslumbramentos, de desvendamentos e observações sutis:

As muito feias que me perdoem,
Mas beleza é fundamental.

     Mas será que é fundamental mesmo? Para o nascimento do amor entre duas pessoas, a beleza é fundamental? Os gregos já debatiam essa questão desde os tempos de Sócrates, Platão e Aristóteles.
     Se bem que o que realmente interessava a eles era o conceito filosófico da beleza, pois desconheciam a grandeza, a sublimidade e os mistérios do amor que une um homem a uma mulher, conforme conhecemos hoje.
     Mas devo confessar que sobre esse tema aprendi muito lendo o livro de um grego, O Banquete, escrito pelo fiósofo Platão.
     Não devemos esquecer que, sendo ou não fundamental, a beleza é relativa. A mulher que é bela para mim, pode não ser bela para outro homem; o homem que é belo para uma mulher, pode não ser belo para outra mulher.
     E nem sempre a beleza está só nos traços físicos. Ninguém até hoje soube explicar de maneira clara e convincente o que é e de onde brota a "beleza interior", que faz pessoas feias, no conceito clássico da beleza, despertarem o amor e conquistarem o coração de pessoas bonitas. É um tema que permanece aberto ao debate, e jaz no terreno do relativo. 
     Também não estou esquecendo que existe a "beleza universal", aquela que deixa a todos silenciosos e maravilhados.
     Quando falo de beleza universal, penso em mulheres como a lendária grega Helena de Tróia, ou na mais lendária ainda rainha egípcia Nefertite, cujo nome significava “a beleza está presente”, ou na mulher (também egípcia, e rainha) que colocou dois generais romanos ajoelhados aos seus pés, e despertou a curiosidade e a inveja das mais belas mulheres romanas da época, Cleópatra; ou em qualquer outra mulher do cenário artístico moderno nacional ou mundial, conhecidas ou não do leitor.
     Escrevendo sobre a relatividade da beleza, o cáustico, irônico, irreverente e pseudo-ateu Voltaire, que ainda que tenha morrido em um estado espiritualmente deplorável, durante toda a sua vida mostrou-se mais crente do que muitos crentes que eu conheço hoje, disse, no seu famoso Dicionário Filosófico, que se perguntarmos a um sapo o que é a beleza, ele nos dirá que é a sua sapa, “com os dois olhos exagerados e redondos encaixados na cabeça minúscula, a boca larga e chata, o ventre amarelo e o dorso pardo”.
     Bem, o fato é que gosto não se discute. Beleza sim. E como eu e o leitor não alimentamos nenhum desejo de morar no brejo, nem temos nenhum apetite por mosquitos, deixemos Voltaire e o seu casal de sapos filosofando no pântano, e encerremos este artigo com o belíssimo poema de Gióia Júnior, Jesus, Alegria dos Homens. O tema que inspirou e levou o poeta Gióia a escrever seu poema, é o ícone máximo da beleza para nós, cristãos-evangélicos: Jesus Cristo.

JESUS, ALEGRIA DOS HOMENS
Gióa Júnior











Nesta hora de incerteza, de cansaço e de agonia,
nesta hora em que, de novo, a guerra se prenuncia,
neste momento em que o povo não tem rumo, nem tem guia;
Ó Jesus, agora e sempre, Tu és a nossa alegria!

Nesta hora seca e torpe, de vergonha e hipocrisia,
quando os homens apodrecem nos banquetes e na orgia,
nesta hora em que a criança atravessa a noite fria;
Tu és a nossa esperança, Tu és a nossa alegria!

Alegria manifesta, que brotou e se irradia
de uma simples e modesta e sublime estrebaria,
alegria nunca ausente,
alegria onipotente
que palpita para o crente
e faz dele um novo ser;
alegria cristalina,
doce, mística, divina,
que nos toma e nos domina
e nos enche de poder.

Tu és a nossa alegria! Santa alegria, Senhor,
que nos une e nos separa e nos fecunda de amor!
Por isso cantamos hinos, temos prazer no louvor,
mesmo nas horas escuras do afastamento e da dor.

Cantai, ó povos da terra!
Trazei harpas e violinos,
oboés, cítaras, guitarras,
harmônios, címbalos, sinos,
clavicórdios e fanfarras,
coros de virgens e mártires, de meninas e meninos!

Cantai, ó povos da terra!
Trazei avenas e tubas, flautas, flautins,
clarinetas, celos, clarins
e tambores
e metálicas trombetas e puríssimos cantores!

Cantai, ó povos da terra!
Trazei pássaros e fontes, bulícios, rios e ventos,
rochas, árvores enormes, alvos lírios orvalhados, palmas viçosas luzindo,
sons da noite, vozes múltiplas dos animais e das águas,
das pedras e dos abismos, das florestas intocáveis
e dos mundos subterrâneos, sons da madrugada clara:
estalos de galhos verdes. Doces ruídos domésticos: talheres e louças brancas.
Sons de fábricas, ruídos de teares e bigornas, de madeiras e metais,
passos pesados de botas de militares eretos,
passos macios e quentes de rosadas colegiais.

Cantai, ó povos da terra!
Cantai de noite e de dia,
na tarde pesada e morna,
na manhã ágil e fria,
na aflição, ou na ventura,
ao nascer, ou na agonia:
Jesus - Senhor dos senhores,
Tu és a nossa alegria! Tu és a nossa alegria! Tu és a nossa alegria!
Jefferson Magno Costa

.

.

Postagem em destaque

OS MAIORES FILÓSOFOS DA HUMANIDADE RECONHECEM: DEUS EXISTE!

JEFFERSON MAGNO COSTA        Ao contrário do que muitos ateus pensam, as maiores inteligências que o mundo já viu, os gênios que deixa...