segunda-feira, 10 de maio de 2010

OS EVANGELISTAS REALMENTE ESCREVERAM OS EVANGELHOS ?

     Os modernos inimigos do cristianismo têm procurado atacar a pessoa e os ensinamentos de Jesus Cristo, negando a autenticidade dos Evangelhos. Porém, o que é um livro autêntico? Uma obra histórica só será considerada autêntica se estiver dentro destas três condições:
a) Foi realmente escrita pelo autor a quem é atribuída;
b) É fiel tanto na narração dos fatos como na descrição de regiões e cidades, e na citação de pessoas que realmente existiram;
c) O texto atual é uma reprodução do texto original, ou seja: o texto primitivo chegou até nós sem sofrer alterações no sentido do seu conteúdo.
A autenticidade de um documento histórico é de fundamental importância para crermos ou não na veracidade de seu conteúdo ou de sua mensagem. Esse fator torna-se mais importante ainda em se tratando dos Evangelhos, pois se alguém conseguisse provar que os quatro Evangelhos não foram escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João, os críticos do Novo Testamento teriam toda liberdade de afirmar que eles foram escritos um século ou dois séculos depois que os fatos ocorreram, por pessoas que não conheceram nem Jesus, nem os apóstolos, nem os discípulos imediatos dos apóstolos – e isto, se fosse verdade, comprometeria o grau de total confiança que depositamos nessas quatro principais fontes históricas sobre Jesus.
Sim, pois se os ensinamentos de Cristo e todos os acontecimentos em torno de sua pessoa tivessem sido contados e recontados durante várias gerações, e só depois de muitas décadas tivessem tomado a forma escrita, chegariam sem nenhum valor histórico ao conhecimento daqueles que finalmente os escreveram. Profundamente alterados pelo tempo e pelos inúmeros narradores, "retrabalhados" pela imaginação popular, e cheios de erros e fantasias, os Evangelhos não passariam de meras narrações lendárias.
Porém, os quatro Evangelhos são autênticos, e para fornecermos ao leitor as provas desta autenticidade, enumeraremos aqui as evidências externas e internas que nos garantem que esses documentos são dignos de total confiança. 
Apresentaremos primeiramente as provas que se encontram fora do texto evangélico, e em seguida as provas que se encontram no próprio texto. O primeiro grupo de provas (as evidências externas) é constituído pelos testemunho dos escritores cristãos que conheceram os apóstolos, foram seus discípulos ou tiveram acesso a fontes que reuniam informações preciosas sobre os autores dos Evangelhos e dos demais livros do Novo Testamento.

TESOUROS GUARDADOS PELO MAIOR HISTORIADOR DA IGREJA PRIMITIVA
Devemos a Eusébio Pamphili, primeiro historiador da Igreja, a preservação da maioria desses documentos históricos sobre a autenticidade dos Evangelhos, pois se não fosse o zelo e o paciente trabalho desse homem nascido em 265 e falecido em 340, que inclusive serviu à Igreja como pastor e responsável pelo rebanho da magnífica cidade de Cesaréia da Palestina, nós hoje saberíamos muito pouco sobre as origens do cristianismo.
Eusébio foi o mais paciente e apaixonado pesquisador com que contou a Igreja no início do século IV. Após haver pesquisado durante quase 20 anos na preciosa biblioteca que havia sido fundada em Cesaréia pelos escritores cristãos Orígenes e Panfílio (era uma biblioteca particular, e seus pergaminhos e documentos, por serem raros e muito preciosos para a história do cristianismo, permaneceram durante todo o tempo longe do conhecimento do povo pagão, e só manuseados por alguns crentes privilegiados). Eusébio viajou para Jerusalém, e lá completou sua importantíssima tarefa de reunir uma imensa coleção de documentos, depoimentos e anotações sobre os três primeiros séculos do cristianismo. Todo esse material foi usado por Eusébio em sua História Eclesiástica. Episódios, datas, nomes de pessoas e livros raríssimos seriam hoje totalmente desconhecidos se Eusébio não os tivesse citado em sua obra.

TESTEMUNHOS DA AUTENTICIDADE DOS EVANGELHOS DEIXADOS PELOS PRIMEIROS ESCRITORES DA IGREJA

O TESTEMUNHO DE PAPIAS, DISCÍPULO DO EVANGELISTA (60-140)
As mais antigas referências aos Evangelhos nos foram deixadas por Papias, bispo de Hierápolis, na Frígia (país da Antiga Ásia). Ele foi um dos discípulos do apóstolo João. Entre os anos 120 a 130 d.C., Papias escreveu uma obra dividida em cinco livros, intitulada Interpretações dos Oráculos do Senhor. Durante vários séculos essa obra foi lida na Igreja, mas hoje ela se encontra perdida, só tendo restado alguns fragmentos, citados por Eusébio em sua Historia Eclesiástica. Sobre o Evangelho escrito por Mateus, Papias disse o seguinte:

A) COMO MATEUS ESCREVEU SEU EVANGELHO
“Mateus escreveu com ordenamento, em hebraico, os discursos do Senhor, e cada um procurava traduzi-los como podia.” (Hist. Ecles. Livro III, cap. 39).
Esta informação é de um valor incalculável para todos os evangélicos. Hoje, sabemos que Mateus escreveu seu evangelho no ano 36 (alguns eruditos afirmam que ele foi escrito no ano 41), três ou oito anos após a ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo, quando os fatos ainda permaneciam acesos na memória de todos os que os haviam presenciado. Foi escrito na Palestina, talvez em Jerusalém, em hebraico (ou aramaico, outro idioma também muito utilizado entre os judeus daquela época).
O objetivo de Mateus ao escrever seu Evangelho foi confirmar na fé os judeus que se haviam convertido a Cristo, e também fazer novas conversões. Pouco tempo depois, o Evangelho de Mateus foi traduzido para o grego. Nessa época, Marcos terminara escrever em grego o segundo Evangelho.
Testemunhando sobre o Evangelho de Marcos, assim falou Papias:

B) COMO MARCOS ESCREVEU SEU EVANGELHO
“Isso também dizia o Presbítero (João): Marcos, intérprete de Pedro, escreveu exatamente, não, porém, ordenadamente, tudo o que conservava na memória acerca das palavras e das ações do Senhor. Pois não tinha ele próprio nem ouvido nem acompanhado pessoalmente o Senhor. Mas, como disse, mais tarde foi companheiro de Pedro, o qual pregava o Evangelho para utilidade dos ouvintes, não para tecer uma história dos discursos do Senhor. Por esse motivo, não incorreu Marcos em nenhuma falha escrevendo algumas coisas conforme as lembrava. Porque uma só coisa desejava: não omitir nada do que havia ouvido, nem somar ao seu relato qualquer falsidade.” (Hist. Ecles. Livro III, Cap. 39).
Portanto, segundo informação de Papias (confirmada e enriquecida de outros detalhes por vários pastores e escritores da Igreja Primitiva), Marcos escreveu seu Evangelho no idioma grego, sob o olhar e segundo as instruções de Pedro, no ano 44 ou 45 da Era Cristã.
Sempre desejoso de colher notícias sobre os discípulos, Papias procedia da seguinte maneira: “...se me saía ao encontro alguém que havia convivido ou conversado com os anciãos, eu lhe perguntava curiosamente quais tinham sido as palavras que eles haviam pronunciado; isto é: o que costumava dizer André, Pedro, Felipe, Tomé, Tiago, Lucas e os demais discípulos do Senhor (...) . Pois minha opinião era que não se poderia tirar tanto proveito da leitura dos livros como se tiraria das próprias palavras dos discípulos que ainda viviam (...)” (Hist. Ecles. Livro III, Cap. 39).
Por questões cronológicas, Papias não nos deixou um testemunho sobre como Lucas elaborou seu Evangelho. Todavia, chegou-nos até os nossos dias um precioso testemunho de Papias acerca do Quarto Evangelho. Esse mesmo texto em que o discípulo de João confirma a autoria do Evangelho daquele que o doutrinou, pode ser lido hoje em dez diferentes manuscritos latinos, sendo o mais antigo deles o Codex Toledano, escrito no Século VIII. Esse manuscrito, por sua vez, é a reprodução de um documento muito mais antigo, que continha, entre outras, a seguinte informação:

C) COMO JOÃO ESCREVEU SEU EVANGELHO
“O Evangelho de João, escrito depois do Apocalipse, foi publicado e entregue às igrejas pelo próprio João, antes da sua morte, como Papias, chamado Hierapolitano e discípulo querido de João, refere nos exegéticos, isto é, nos últimos cinco livros (...)”

O TESTEMUNHO DO PASTOR IRINEU (130-202)
A segunda grande testemunha sobre a autenticidade dos Evangelhos nasceu na Ásia Menor, provavelmente em Esmirna, cidade onde estava localizada uma das sete igrejas da Ásia (Ap 1.11). Na sua juventude, Irineu foi discípulo de Policarpo, pastor da cidade de Esmirna, que morreu martirizado durante a Quarta Perseguição aos cristãos, ordenada pelo imperador romano Antonio Pio, em meados do Século II d.C. Esse Policarpo tinha sido, por sua vez, discípulo do próprio Evangelista João.
Muito zeloso de sua fé em Jesus Cristo, Irineu percorreu todas as igrejas da Ásia, indo até a Gália (atual França), fazendo pesquisas sobre os fundamentos da doutrina evangélica, e travando conhecimento com todos os pastores daquela época. Quando sobreveio a Quinta Perseguição sob as ordens do imperador Marco Aurélio, Irineu estava em uma das regiões do interior da Gália, e graças a isto não foi preso e levado para Roma, entre 49 outros cristãos, que na Capital do Império Romano foram julgados, e, após darem a todos os que assistiram o julgamento, um testemunho de coragem e fidelidade ao nome e à causa do Cristo, foram açoitados e lançados às feras. Entre esses crentes (exatamente os mais trabalhadores e esforçados daquela comunidade evangélica) estava o pastor Potino. Esses 49 crentes serviam ao Senhor na igreja de Lião, importante cidade da Gália. Passaram para a história da Igreja como “os mártires de Lião”, após serem assassinados no ano 177.
Irineu assumiu imediatamente a direção daquela igreja, porém no ano 202 foi também martirizado, sob as ordens do imperador Valeriano, durante a Oitava Perseguição.
O grande testemunho de Irineu sobre a autenticidade dos Evangelhos encontra-se no seu melhor livro, intitulado Contra as Heresias. Esta obra foi escrita no ano 185, e com ela Irineu tentou combater todas as heresias surgidas desde o tempo dos apóstolos até os seus dias. Irineu estava ligado aos apóstolos através daquele que lhe pregara o Evangelho: Policarpo. Este último conhecera pessoalmente o evangelista João.
Nessa obra, e nos demais livros que escreveu, Irineu cita tantas vezes os Evangelhos que através dessas citações poderíamos reconstituí-los completamente. Alem de citar os nomes dos quatro evangelistas, ele afirma que a Igreja reconhece a autenticidade dos quatro Evangelhos, e esta autenticidade, já no seu tempo, estava firmemente estabelecida entre os irmãos. Eis o que ele escreveu no livro Contra as Heresias:

TESTEMUNHO SOBRE OS QUATRO EVANGELHOS
“Mateus, entre os hebreus e na língua deles, publicou um Evangelho (...) Marcos, discípulo e intérprete de Pedro, transmitiu-nos também ele por escrito a pregação de Pedro. Lucas, companheiro de Paulo, redigiu num livro o evangelho pregado por Paulo. Depois João, discípulo do Senhor, que se reclinara sobre seu peito, publicou também ele o seu evangelho, enquanto residia em Éfeso, na Ásia.” (Contra as Heresias, 1. Liv. III. Cap. 1.). Este texto encontra-se no capitulo 8º do livro V da Historia Eclesiástica de Eusébio.

O TESTEMUNHO DE JUSTINO, O MÁRTIR (100-163)
Nascido em Naplona (ou Neápolis), na Samaria, Justino recebeu uma sólida educação pagã, vindo a se tornar um importante filósofo. No ano 130 converteu-se ao cristianismo e passou a defender os cristãos. Por volta dos anos 150-155, escreveu o Diálogo com o Judeu Trifão, e duas Apologias do cristianismo, dedicando a primeira ao imperador romano Antonino Pio, responsável pela Quarta Perseguição aos cristãos; dedicou-a também a Lúcio Vero e a Marco Aurélio, este último, responsável pela Quinta Perseguição.
Tanto no Diálogo como nas Apologias, Justino fala dos “Comentários dos Apóstolos, chamados Evangelhos”; diz que os Evangelhos tinham por autores “apóstolos e discípulos”, ou seja: dois apóstolos (Mateus e João), e dois discípulos (Marcos e Lucas). Justino afirma também que os evangelhos eram lidos publicamente aos domingos, quando os fiéis se reuniam.
Conforme o testemunho de Justino, os cristãos primitivos examinavam e liam constantemente os quatro Evangelhos durante as suas reuniões. Esses cultos eram realizados às escondidas, tanto em Roma como em quase todas as outras regiões onde o Império Romano exercia seu domínio, entre povos de clima, línguas e costumes diferentes. Tendo os Evangelhos como fundamento doutrinário, se eles não fossem autênticos, as igrejas no poderiam muito bem repudiá-los? Quem ou o que obrigaria aqueles milhões de crentes (entre os irmãos do primeiro século, havia muitos que tinham conhecido Jesus pessoalmente, e acompanhado de perto o trabalho dos apóstolos) a receberam como escritos dos evangelistas livros que não o eram? Não! Se os Evangelhos não fossem autênticos, qualquer um daqueles irmãos poderia rejeitá-los publicamente. Mas eles mesmos eram testemunhas da fidelidade e da confiabilidade daquilo que Mateus, Marcos, Lucas, João e os demais escritores do Novo Testamento haviam escrito. Eles testemunhavam da autenticidade de toda a Bíblia!

O TESTEMUNHO DE CLEMENTE DE ALEXANDRIA (150-C. 215)
Tito Flávio Clemente nasceu provavelmente na cidade grega de Atenas, mas viveu a maior parte de sua vida na cidade egípcia de Alexandria, onde converteu-se ao Evangelho. O historiador Eusébio, no livro VI, capitulo 14º de sua História Eclesiástica, cita o seguinte testemunho de Clemente de Alexandria sobre os Evangelhos:
“...Primeiramente, foram escritos os que contém a série da genealogia do Senhor. O Evangelho de Marcos foi escrito na seguinte ocasião: Havendo Pedro pregado publicamente a Palavra de Deus inspirado pelo Espírito Santo, muitos dos ouvintes exortaram a Marcos (já que há muito tempo ele seguia a Pedro e retinha na memória as palavras deste) a que escrevesse o que havia sido pregado por Pedro. Consequentemente, Marcos escreveu o Evangelho e o entregou aos que o pediam. (...)“

TESTEMUNHO DO PRÓLOGO MONARQUIANO
Quanto ao Evangelho de Lucas, hoje sabemos o seguinte: nascido em Antioquia e convertido ao cristianismo através da pregação do apóstolo Paulo, Lucas escreveu seu Evangelho em grego, no ano 53 ou 55. Os chamados Prólogos Antigos, ou seja: os esboços de introdução aos Evangelhos escritos em grego na Itália, entre os anos 160 e 180, confirmam estas informações sobre Lucas. Eis o que se lê no Prólogo Monarquiano (uma dessas antigas introduções ao Evangelho de Lucas):
“Lucas, arameu de nação, antioquense, médico, discípulo dos apóstolos e depois companheiro de Paulo até à confissão (martírio) do apóstolo, servidor de Deus em total dedicação, nunca teve esposa nem filhos, morreu na Bitínia, aos 84 anos, cheio do Espírito Santo. Depois de já escritos os Evangelhos por Mateus, na Judéia, e por Marcos, na Itália, por inspiração do Espírito Santo, escreveu seu evangelho nas regiões de Acaia, dando a entender no início que os outros evangelhos já tinham sido escritos... Depois, o mesmo Lucas escreveu os Atos dos Apóstolos.”

TESTEMUNHO DO GRANDE ADVOGADO ROMANO TERTULIANO (C.160-223)
Esse destemido defensor do cristianismo nasceu na cidade de Cartago. Estudou leis e tornou-se advogado de renome, tanto por sua cultura como por sua eloquência. Ao presenciar o heroísmo dos mártires cristãos, Tertuliano converteu-se ao cristianismo e passou a discursar e a escrever livros em defesa dos cristãos perseguidos, e da autenticidade da fé em Jesus Cristo como Salvador da humanidade. Entre os anos 207-208 escreveu um livro intitulado Contra Márcio; nesta obra Tertuliano afirma que só existem quatro Evangelhos reconhecidos pelas igrejas apostólicas. Cita o nome dos quatro evangelistas, e assegura que esses Evangelhos estão em uso na Igreja desde o tempo dos apóstolos. Eis um trecho do seu importante testemunho:
“Sustentamos que o instrumento evangélico tem por autores os apóstolos..., ou, se os autores são discípulos dos apóstolos, não puderam escrever sozinhos, mas com e segundo os apóstolos... Entre as igrejas fundadas pelos apóstolos, bem como em todas as igrejas unidas a elas, o evangelho de Lucas se manteve desde a sua publicação tal qual o defendemos hoje... As igrejas apostólicas cobrem também com a sua autoridade e patrocínio os demais evangelhos que por intermédio das mesmas chegaram a nossas mãos... Refiro-me aos de João e de Mateus, e também ao de Marcos, embora este último seja atribuído a Pedro, de quem Marcos era intérprete, como é atribuída a Paulo a narração de Lucas... O fato é constante; todos os Evangelhos se encontravam nas igrejas daqueles tempos.”

O TESTEMUNHO DE ORÍGENES, O MAIS FÉRTIL TEÓLGO DO SÉCULO II (184-254)
Tendo vivido durante muitos anos em Alexandria, importante cidade egípcia, completamente entregue a atividades culturais, toda a preocupação de Orígenes era pesquisar os diversos assuntos relacionados ao cristianismo. Ele escreveu muitos comentários às Sagradas Escrituras, e vários livros em defesa do cristianismo, sendo o mais famoso deles o que tem por título Contra Celso. No livro VI, capítulo 25 de sua História Eclesiástica, o historiador Eusébio reproduz o testemunho de Orígenes sobre a autenticidade dos Evangelhos. As palavras que se seguem fazem parte de um livro de Orígenes, que não chegou até os nossos dias: Exposições no Evangelho de Mateus. Eis o texto:
“Do mesmo modo, tenho sabido por tradição acerca dos quatro Evangelhos, os únicos que sem discussão são admitidos em toda a Igreja de Deus que está sob o Céu, a saber: que o primeiro Evangelho foi escrito por Mateus, primeiramente publicano, mas logo depois apostolo de Jesus Cristo, e o publicou escrito em hebraico para os judeus convertidos à fé. Temos recebido (da tradição) que o segundo Evangelho é de Marcos, escrito segundo aquilo que Pedro havia pregado. E por isso Pedro o reconhece como seu filho na epístola canônica, com estas palavras: “...como igualmente meu filho Marcos’ (1 Pe 5.13b). O terceiro Evangelho é o de Lucas, escrito em favor dos gentios e recomendado por Paulo. O último Evangelho é o de João.”

TESTEMUNHO DO FRAGMENTO MURATORI (170 d.C.)
Em 1740, o pesquisador italiano Ludovico Muratori encontrou, na Biblioteca Ambrosiana de Milão, um documento escrito em Roma, provavelmente no ano 170 d.C. Esse documento contém a relação dos livros do Novo Testamento que eram lidos nas reuniões de Igreja Primitiva. O documento relaciona também os livros rejeitados e proibidos pela igreja. Entre os que eram lidos por todos os cristãos e universalmente admitidos como fidedignos, encontram-se os nossos Evangelhos. Composto de 85 linhas, o documento foi encontrado incompleto (e por esse motivo se chama “fragmento”). A parte que falta sem dúvida se referia aos dois primeiros evangelistas.
Eis o texto que fala sobre os autores dos Evangelhos, conforme foi encontrado por Muratori:
“...aos quais, contudo, esteve presente e assim escreveu. Em terceiro lugar, o Evangelho segundo Lucas. Esse Lucas, médico, depois da ascensão do Senhor, foi tomado por Paulo como companheiro de suas viagens por amor à justiça, e escreveu sob a orientação de Paulo, segundo se diz: não vira contudo ele próprio o Senhor, e por isso como pôde conseguir (pelas fontes) assim começou pelo nascimento de João. Em quarto lugar, o Evangelho escrito por João, um dos discípulos... que afirma não só ter visto e ouvido, mas também ter escrito ordenadamente todas as maravilhas do Senhor...”
Portanto, todos esses documentos citados até aqui se constituem no sólido lastro de certezas sobre o qual nós pisamos para afirmar que os Evangelhos procedem autenticamente dos evangelistas. Eles são dignos de total confiança. Além do mais, devemos levar em consideração que a comunidade apostólica no meio da qual os Evangelhos foram escritos, tendo sido composta de legítimas testemunhas de Jesus, não aceitaria esses quatro principais livros, essas quatro principais fontes de testemunho direto sobre a vida do Salvador, caso elas não tivessem sido escritas por testemunhas dignas de confiança. O fato de esses milhares de irmãos da Igreja Primitiva ter recebido respeitosamente os Evangelhos e passado a lê-los em suas reuniões realizadas muitas vezes às escondidas, para não serem mortos pelos perseguidores pertencentes ao Império Romano, é uma grandiosa garantia da autenticidade desses documentos. Portanto, as numerosas igrejas ou comunidades cristãs, fundadas pelos apóstolos nos principais centros do Império Romano, foram unânimes em reconhecer como autênticos os quatro Evangelhos, e só estes quatro.

O TESTEMUNHO DOS MONUMENTOS CRISTÃOS
Em Roma, em Nápoles, na Sicília, na África e em várias cidades da Gália (atual França), os cemitérios dos cristãos (conhecidos como catacumbas, quando subterrâneos) nos fornecem grandiosos testemunhos sobre a fé em Jesus Cristo e a autenticidade dos Evangelhos. Em muitas inscrições sepulcrais, leem-se versículos dos quatro Evangelhos, muitos deles datados dos tempos dos apóstolos.
Eis os principais testemunhos da autenticidade dos Evangelhos. Portanto, além dos próprios Evangelhos e dos demais livros que compõem o Novo Testamento, existem verdadeiros tesouros de confirmação da autenticidade da Palavra de Deus, produzidos por escritores cristãos que pertenceram à Igreja Primitiva.
Para se ter uma idéia da quantidade desses documentos, basta saber que o escritor francês Jacques-Paul Migne reuniu, em uma só coleção, todos os livros escritos pelos autores cristãos dos cinco primeiros séculos do Cristianismo. A coleção, devido ao grande número de obras, foi publicada durante 22 anos, entre 1844 e 1866, tendo sido dividida em duas séries: as obras em latim, somando 217 volumes, e as obras em grego, somando 161 volumes!
O escritor Russel Norman Champlin, escrevendo sobre a historicidade dos Evangelhos (no livro O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Milenium. 1983. Vol. 1. PP 168-173) chama a nossa atenção para um fato curioso: Se Cristo não tivesse sido um ser real em todos os sentidos (isto é: alguém que viveu verdadeiramente entre os homens), ou se Ele não tivesse sido conforme os Evangelhos nos apresentam, mas sim um mito, uma lenda, segundo afirmam ateus e materialistas, qual teria sido então a causa, a origem do súbito aparecimento dessa farta documentação cristã a seu respeito, dessa verdadeira explosão literária em torno da pessoa de Jesus Cristo, constituída de livros canônicos, extracanonicos e seculares? Um mito, uma lenda, levam séculos, até milênios para ser formados na tradição histórica da humanidade. Jamais surgem no espaço de poucos anos.
Além do mais, uma pessoa que nunca existiu não levaria os evangelistas e os demais escritores do Novo Testamento a escreverem todos esses documentos; os autores cristãos não nos teriam deixado tantos testemunhos, e jamais os milhões de cristãos da Igreja Primitiva teriam se reunido em torno do Seu nome, de Sua memória e de Sua mensagem, dispostos a, se necessário, morrerem em defesa da fé nele.
Jefferson Magno Costa

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